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Como os Estados Unidos podem reagir a um Irã que está ganhando tudo?

Múltiplos grupos fidelizados pelo regime iraniano espalham caos no Oriente Médio e criam dilemas quase impossíveis para os americanos

Por Vilma Gryzinski 30 jan 2024, 07h11

Se o leitor fosse Joe Biden, como reagiria ao ataque com drone desfechado por uma obscura milícia iraquiana que matou três soldados americanos na Jordânia?

Qualquer que seja a a alternativa, parece ruim. Uma reação dosada provavelmente tem efeito zero – estão aí os ataques cirúrgicos a instalações no Iêmen sob controle dos hutis para mostrar que não funcionam. Fora que a oposição republicana vai explorar qualquer demonstração de tibieza.

Uma resposta mais poderosa teria que necessariamente atingir o Irã, a fonte de todas as encrencas contra os americanos, e aí entraríamos no campo do desconhecido. Apesar de todas as pressões, e até concessões, como as feitas durante o governo de Barack Obama, o Irã está a um passo de enriquecer urânio para produzir, numa primeira fase, até seis artefatos nucleares (os vetores para lançá-los demorariam mais).

Não existe comparação entre o poderio americano e o do regime teocrático iraniano, mas quem gostaria de testar para saber até onde os aiatolás iriam?

O fato é que o regime iraniano está ganhando várias apostas. Os “investimentos” que fez no Hamas e no Hezbolá estão rendendo, com Israel no sorvedouro de Gaza e a possibilidade de uma nova frente para valer no Líbano, um país dominado pela milícia xiita. Na Síria, o apoio iraniano salvou o regime que parecia condenado de Bashar Assad.

SENTENÇAS DE MORTE

Organizações internacionais e esquerdistas mundo afora culpam Israel pela guerra, não o Hamas e seus financiadores do Irã. Os hutis do Iêmen, outra força desacreditada na qual o Irã apostou, continuam a atacar navios comerciais no Mar Vermelho e não parecem nem um pouco abalados pela destruição de algumas bases. A oposição interna ao regime teocrático foi dizimada.

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Há um ano, grandes manifestações tomaram cidades iranianas depois que a jovem Mahsa Amini foi morta, provavelmente por espancamento, na prisão para onde havia sido levada por não usar o pano na cabeça tal como exigido pelo fundamentalismo xiita. Pesquisas da época mostraram que cerca de 60% da população queria uma mudança de regime – cerca de 40% através da derrubada dos donos do poder e 20% via transição negociada.

Repressão, pesadas penas de prisão e sentenças de morte por enforcamento acabaram com os protestos e com qualquer ilusão de mudança. As jovens que corajosamente arrancavam o pano da cabeça foram intimidadas por leis mais repressoras ainda.

O ataque contra a base americana na Jordânia, chamada Torre 22, segue um padrão estabelecido há bastante tempo: grupos iraquianos xiitas, reunidos sob o rótulo genérico de Resistência Islâmica no Iraque, tentam atingir militares americanos que continuam no Oriente Médio, embora em pequeno número, para missões localizadas.

Foi ao coordenar ataques desse tipo que o general Qasem Soleimani acabou pulverizado por um drone americano ao desembarcar em Bagdá. Soleimani era o líder da Guarda Revolucionária, a força mais poderosa do Irã, não só pela rede montada em países vizinhos para sustentar o eixo xiita, mas também pelo controle da economia.

“RETALIAÇÃO DEVASTADORA”

A Guarda Revolucionária já foi comparada às SS nazistas por causa da natureza altamente doutrinária, da ligação direta com o líder – no caso, o aiatolá Ali Khamenei – e da influência em todos os mecanismos de poder.

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Donald Trump autorizou o assassinado de Soleimani em 2020 porque ele planejava mais atentados contra forças americanas. Agora, está falando em Terceira Guerra Mundial por tibieza de Biden – obviamente, por interesse eleitoral. Mas é impossível não ver a natureza inflamável dos acontecimentos mais recentes.

“A única resposta a esses ataques tem que ser uma retaliação militar devastadora contra forças terroristas do Irã, tanto no Irã quanto ao redor do Oriente Médio. Qualquer coisa menos do que isso vai confirmar Joe Biden como um covarde que não merece ser comandante-chefe”, provocou o senador Tom Cotton, resumindo a reação dos “falcões” republicanos – existe uma ala anti-intervencionista, no momento mais calada diante do choque de três americanos mortos e 34 feridos numa base secreta cuja existência era ignorada pela maioria do país.

“Vamos fazer o que temos que fazer para proteger nossas tropas, nossas instalações, nossos interesses nacionais. Mas não queremos uma guerra com o Irã. Não estamos buscando um conflito ampliado no Oriente medio”, disse o porta-voz governamental John Kirby.

O Irã também não quer um conflito ampliado – mas está muito confortável usando seus terceirizados para acossar os americanos, um plano reforçado depois do ataque do Hamas contra Israel em outubro. Só vai mudar se o preço cobrado for bem alto, mas não tão alto que conduza a uma guerra generalizada.

Dá para entender o dilema de Joe Biden?

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