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Acabou para Biden e Kamala Harris enfrenta a dureza de disputar com Trump

Como vice-presidente, ela decepcionou os que esperavam tanto,; com o início como amante de político, agora tem um “Imorrível” pela frente

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 19 jul 2024, 07h02 - Publicado em 19 jul 2024, 06h58
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  • A combinação de covid e mais manifestações nada ocultas dos grandes nomes do Partido Democrata acabou com a pequena fresta de esperança aberta para Joe Biden com o atentado contra Donald Trump, um acontecimento momentoso que beneficiava a estabilidade. Só falta a família Biden fazer a caridade de tirar o alquebrado presidente da corrida e estará aberto o caminho para uma provável candidatura de sua vice, Kamala Harris.

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    Com o “sistema” em ação para encerrar a agonia de Biden – apressado pelo risco nada desprezível de que o Partido Democrata perca a presidência e o Senado e não recupere a Câmara -, Kamala tem que percorrer as etapas finais com grande equilíbrio. Não pode ir tão depressa a ponto de parecer que está traindo o presidente dolorosamente senil nem tão devagar que deixe os outros concorrentes passar à sua frente.

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    Não faltam candidatos, todos querendo explorar o fato de que a vice está profundamente associada a Biden e muitos eleitores querem renovação, novidade, caras novas.

    É um balé político de alta complexidade. A vice que tinha tudo para se destacar, acabou sendo uma decepção, com índices mais baixos de aprovação do que o próprio Biden e declarações confusas ao estilo “salada de palavras” ou estapafúrdias, devidamente exploradas pela oposição. Circula nesse meio o vídeo com “nove coisas malucas” ditas por ela.

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    Na cena final, Kamala se orgulha de, na condição de secretária da Justiça da Califórnia, ter começado a “processar os pais” por faltas dos filhos às escolas. Diz isso em tom de satisfação e ironia – um desastre obviamente. Quem pode achar bom processar pais e mães que talvez enfrentem dificuldades para manter o comparecimento de suas crianças?

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    NAMORADA FIXA

    Kamala desperdiçou as vantagens excepcionais com que chegou à vida pública: advogada bem preparada, foi senadora e, como nenhum americano deixa de notar, a primeira mulher, e “mulher de cor” – produto da mistura entre o pai jamaicano e a mãe indiana com origem na etnia tamil -, a chegar a vice-presidente.

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    Sem falar que é bonita, transformou o terninho numa marca registrada sem nada dos modelos horrendos usados por Hillary Clinton, tem um sorriso hollywoodiano e cabelos que são a inveja nacional, tendo deixado o estilo afro na juventude (faz uma coisa chamada “prancha de seda” na cabeleira alisada, mas com escova e secador, sem chapinha, segundo contou numa entrevista).

    A carreira excepcionalmente bem sucedida começou com uma “âncora que carrego no pescoço” (em inglês, o albatroz), segundo suas próprias palavras: um caso com o presidente da Câmara dos Deputados do estado da Califórnia, Willie Brown, uma figura folclórica da política americana que seria o primeiro prefeito negro de São Francisco e continua até hoje, aos 90 anos, casado com a mulher original.

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    Brown tinha 60 anos e Kamala, 29. Era sua “namorada fixa”, sendo levada a eventos públicos e nomeada para dois cargos idem, abrindo caminho para a carreira política que culminou na eleição para o cargo equivalente a uma mistura de secretária da Justiça e chefe da promotoria.

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    Na época, Barack Obama disse que ela era a mais bonita promotora do país. Depois se desculpou pela misoginia – uma bobagem, visto que a beleza não elimina a competência, embora possa ofuscá-la.

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    FRITURA PREVENTIVA

    Por que Kamala decepcionou? Uma das explicações é que Biden lhe deu o maior abacaxi que existe, tratar da questão da imigração clandestina. Kamala, que é da ala de esquerda do Partido Democrata, fez exatamente zero. A questão da fronteira aberta, juntamente com a perda do poder de compra, é a principal preocupação da maioria dos americanos.

    Teria Kamala feito cara de paisagem diante da fritura do chefe, passando-lhe uma tarefa impossível? Se o fez, foi uma estratégia profundamente errada.

    Fontes do governo Biden vazaram furiosamente informações em off, dizendo ao New York Times que a equipe de análise de dados da campanha tinha testado o nome da vice numa disputa com Donald Trump e o resultado tinha sido negativo. Foi fritura preventiva, claro. Mas o fato é que há pesquisas indicando realmente que ela tem um desempenho fraco contra Trump.

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    Como as últimas semanas nos Estados Unidos comprovaram que todas as certezas podem ser jogadas pela janela em tempo muito rápido, é recomendável ter muita prudência.

    OPÇÃO DIFERENTE

    No momento, realmente os números são ruins para a vice-presidente. Uma pesquisa BlueLabs mostrou que quatro outros aspirantes democratas teriam desempenho melhor do que Biden nos decisivos estados-pêndulo.

    Mas Kamala ainda não está na linha de frente, defendendo sua candidatura e a imagem de uma opção diferente, uma pessoa cheia de vigor e energia, ideal para deixar para trás a farsa monumental tecida em torno da decrepitude do presidente octogenário.

    Também não deve ser subestimada: massacrou Joe Biden num debate entre pré-candidatos quando ele desconversou sobre o programa de integração racial através de ônibus escolares que buscavam crianças negras para frequentar instituições sem minorias.

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    Muitos americanos ainda se lembram de como ela mencionou uma menininha que ia num desses ônibus e lacrou: “Aquela menininha era eu”.

    O novo Trump “bonzinho”, humanizado pelo atentado e com discurso mais moderado, também pode ser um adversário mais perigoso do que o Trump “mau” em qualquer debate.

    “PARTIDO ABAIXO”

    Qualquer candidato democrata parte de uma base de aproximadamente 40% dos votos, talvez um pouco mais. É a turma que não votaria em Trump nem se ele andasse sobre a água – ou, sabe-se lá, desviasse de balas assassinas.

    Kamala teria que atrair o centro, eleitores independentes ou mais relutantes em votar em Trump.

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    Não é fácil. Para dar uma ideia da bolha liberal em que vive: Ella, sua enteada – a vice é casada com o advogado Doug Emhoff e não tem filhos biológicos -, apoiou a arrecadação de dinheiro para o UNRWA, o órgão da ONU de apoio aos refugiados palestinos totalmente infiltrado pelo Hamas, a ponto de abrigar depósitos de armas e postos de comando do grupo terrorista. Ella é judia por parte de pai.

    É difícil imaginar que Kamala Harris venha a perder a candidatura democrata. Uma líder negra já ameaçou que “vamos pôr o partido abaixo” caso a vice seja relegada. Os votos perdidos de eleitores negros, em represália pelo escanteio de Kamala, certamente ajudariam a eleger Trump.

    Kamala Harris, com todas as restrições, pode ser, ou parecer ser, a salvação. Chamada de “vice-presidente Trump” pelo obnubilado Biden, em outra prova de suas muitas confusões mentais, ela tem que jogar com as cartas grudadas no peito para não dar a impressão de que, tendo começado a carreira como amante de um político mais velho, agora dá o grande salto apunhalando um presidente idoso e senil que tem recusado a “saída digna” oferecida por simpatizantes.

    SEM SAÍDA DIGNA

    Barack Obama, os Clinton, Nancy Pelosi, Chuck Schumer, Hakeem Jeffries, o New York Times, a CNN, financiadores milionários e famosos do mundo artístico e até o “amigo pessoal” Joe Scarborough do programa matinal da CNBC, antes tão apaixonados por Biden, alinharam posições para esfaquear o presidente alquebrado. Obama entrou para a história mundial da perfídia com a frase infinitamente reproduzida: Biden tem que “considerar seriamente” a viabilidade de sua candidatura, como disse através do instituto do off.

    Existe o risco, na atual situação de extrema volatilidade, que tenham chegado atrasados. Muitos eleitores indecisos podem ficar simplesmente furiosos com a armação montada em torno de Biden para dar a impressão de que ele era um estadista sábio e experiente, não o octogenário em declínio acelerado que todos estavam vendo.

    Se demorarem muito, acaba até a opção de uma saída digna para Biden, com o risco de que, como no final de tragédias shakespearianas, todos terminem mortos, politicamente.

    Kamala, ao contrário, tem que flutuar acima disso, como o espírito encantado Ariel em A Tempestade, para sair viva e elegível desse cenário. E atravessar uma tempestade daquelas.

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