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A Ucrânia faz o impossível de novo: entra e finca pé em território russo

Diante de um inimigo superior em todos os aspectos, golpe de audácia estabelece bolsão ucraniano na região de Kursk

Por Vilma Gryzinski 13 ago 2024, 06h56
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  • Maria Corina Machado
    O peso do passado: Putin nas comemorações da histórica Batalha de Kursk, na região agora invadida // (Mikhail Svetlov/Getty Images)

    “Se o seu oponente é temperamental, procure irritá-lo. Finja ser fraco para que ele se torne arrogante. Se ele está à vontade, não lhe dê descanso. Se suas forças estão unidas, divida-as. Ataque-o quando estiver despreparado, apareça onde não é esperado”.

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    Estará a cúpula militar ucraniana lendo a Arte da Guerra de Sun Tzu? Muitos dos conselhos milenares foram seguidos – e muitas das orientações dadas pelos aliados ocidentais ignoradas – no que parece ser um avanço simplesmente insano trinta quilômetros adentro do território russo.

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    A Ucrânia já tinha desafiado todas as expectativas quando resistiu ao começo da invasão russa, em fevereiro de 2022, e o presidente Volodymyr Zelensky pediu armas, em vez de um lugar num avião americano que o tiraria do país para livrá-lo da morte iminente.

    Agora, tentam “inverter a narrativa de que estão perdendo a guerra lentamente”, nas palavras de um dos maiores especialistas nesse conflito, o acadêmico britânico Michael Clarke.

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    CABEÇAS VÃO ROLAR

    A Ucrânia não tem força bélica nem equipamento militar para fazer o que está fazendo: avançar em direção a Kursk, bombardear cidades no caminho, obter a rendição em massa de uma unidade da guarda fronteiriça, começar a cavar trincheiras no território que ocupou na operação relâmpago e até montar um hospital de campanha.

    Daí a unanimidade dos analistas, inclusive os ultrabelicistas blogueiros militares russos, de que foi um golpe de inesperada audácia, como pregava Napoleão, e uma humilhação para Vladimir Putin. Com a guerra que tanto apoiam, seguindo a linha oficial do Kremlin, chegando a suas casas, habitantes da região ficaram estarrecidos de ver suas cidades bombardeadas.

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    Putin mandou evacuar 180 mil habitantes e está preparando pessoalmente a reação. Não são só cabeças ucranianas que irão rolar, mas a virulência da resposta no campo de batalha está garantida. Lembremos que a última pessoa que humilhou Putin publicamente foi Ievgueni Prigojin, chefe da rápida rebelião do Grupo Wagner, e ele terminou num avião explodido no ar.

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    A ofensiva ucraniana entra hoje no sétimo dia. Segundo o blog russo Notas de um Veterano, a cidade de Sudzha está sob controle total dos ucranianos, completando oito localidades ocupadas.

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    GOLPE DE AUDÁCIA

    É simplesmente um espanto, inclusive pelo significado histórico dessa região. No ano passado, Putin comemorou com grandes cerimônias os oitenta anos da maior batalha de todos os tempos, a de Kursk, durante a II Guerra Mundial – que os russos chamam de Grande Guerra Patriótica, reivindicando todos os louros da vitória sobre a Alemanha nazista, no que têm razão apenas em parte, embora seja uma parte importantíssima.

    A Batalha de Kursk durou de 5 de julho a 23 de agosto de 1943 e terminou com a derrota dos alemães selada: não conseguiriam se recuperar da resistência das forças sob o comando do general Georgi Jukov, que combatia simultaneamente os alemães e a desconfiança de Josef Stalin.

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    Ela começou com um golpe de audácia dos alemães, a Operação Cidadela. Os soviéticos reagiram com múltiplas contra-ofensivas, inclusive na retaguarda alemã.

    Tinham a superioridade numérica e de material bélico. Chegaram a mobilizar nada menos que 2,5 milhões de combatentes, um número estonteante, confirmando a frase de Stalin de que “a quantidade tem uma qualidade em si mesma”. Os alemães sofreram mais de 165 mil baixas; os soviéticos, em torno de 450 mil. Recuperaram cerca de dois mil quilômetros quadrados e o momentum, o impulso que leva a vitórias estratégicas na dinâmica da guerra.

    TROPAS DESCARTÁVEIS

    Nada na atual ofensiva ucraniana chega nem remotamente perto disso, em especial diante da imensidão da Rússia, um país duas vezes maior do que o Brasil. Quando foi desfechada, parecia mais uma operação de guerrilha, com cerca de mil homens.

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    Mas o conceito de operações rápidas, com unidades pequenas e flexíveis, foi inspirado tanto pelas forças alemãs quanto soviéticas da época da II Guerra.

    A Ucrânia também está coordenando uma operação importante no Mar Negro e já afundou um terço da frota russa nesse teatro de guerra.

    Na frente terrestre, vem perdendo território para o lento avanço russo, com a tática inimiga da “carne de canhão”, ataques em massa de tropas descartáveis.

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    Essa é a situação que criou uma espécie de consenso de que a Ucrânia não pode ganhar e vai terminar tendo que negociar um acordo que sele a perda territorial para a Rússia, uma injustiça gigantesca que tanto a cúpula civil e militar quanto a opinião pública não parecem dispostas a aceitar.

    CONFUNDIR O INIMIGO

    A ofensiva audaciosa, mas limitada, na região de Kursk não muda essa realidade. Mas o fato é que agora os russos não têm outra alternativa a não ser desviar recursos para expulsar os inesperados invadidos que, mesmo em pequena escala, deram um gosto de invasão aos inimigos. Putin sabe disso muito bem e resumiu o espírito da coisa: “A principal tarefa do Ministério da Defesa é chutar o inimigo para fora de nosso território”. O homem anda bravo.

    “O grande segredo é confundir o inimigo de forma a que ele não saiba qual sua verdadeira intenção”.

    Usando o princípio de Sun Tzu, os ucranianos criaram uma situação inesperada, baseada no tradicional elemento surpresa, e deixaram os russos confusos.

    Uma pista da desorientação: o Ministério da Defesa divulgou vídeos de helicópteros russos atacando forças ucranianas “na região de Kursk”. Na verdade, as imagens datam do mês passado e foram registradas na Ucrânia. A geolocalização não falha.

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