Assine VEJA por R$2,00/semana
Mundialista Por Vilma Gryzinski Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

A semana que pode salvar a Itália e dizer quando a crise vai acabar

É uma fresta de esperança tão pequena que dá medo contemplá-la, mas dois dias com queda no número de mortos abrem expectativa de projeção menos terrível

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 24 mar 2020, 09h09 - Publicado em 24 mar 2020, 07h18
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Será que o pico está começando a passar? 

    Publicidade

    Esta é a pergunta que, mesmo com todas as cautelas, paira nas mentes e corações de muitos.

    Publicidade

    Três números a sustentam, ainda fragilmente: 793, 651, 601.

    Equivalem aos mortos no sábado do pico, no domingo e ontem.

    Publicidade

    Pela marcha do avanço massacrante do vírus, na segunda seria atingida a terrível marca dos mais de mil mortos, explodindo para dobrar o número de vítimas em toda a China (eram 6.078 ontem).

    “É cedo demais para dizer”, insistem todos os especialistas. 

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    “Ainda não atingimos a fase mais aguda da contaminação e os números continuam a subir”, avisou o primeiro-ministro Giuseppe Conte.

    Mas cientistas como Michael Levitt, um biofísico de Stanford e Nobel de Química em 2013, estão dispostos a se arriscar.

    Publicidade

    Obviamente, com base em números.

    Levitt estudou os números da China e, com base neles, dispõe-se a falar o que o mundo inteiro quer ouvir: “Nós vamos ficar bem”.

    Publicidade

    Acha que a epidemia não vai se estender durante meses e até anos, como projetam outros especialistas.

    Continua após a publicidade

    O cientista identificou a tendência na China no dia 31 de janeiro, quando as mortes passaram de 42 para 46. 

    Apesar do aumento, o ritmo das mortes estava diminuindo.

    “Vão diminuir mais ainda ao longo da semana”, escreveu. Três semanas depois, garantiu que o pico tinha passado. Fez até uma previsão incrível: a China acabaria tendo cerca de 80 mil casos da nova doença e cerca de 3.250 mortes.

    Com Wuhan finalmente saindo da quarentena, as barreiras nas ruas sendo retiradas e moradores saindo de casa para seguir as ordens de “restaurar plenamente” a produção, mesmo em meio a desconfiança nas informações do governo, a China tinha 3.277 mortes pela contagem mais recente e 81.171 contagiados registrados.

    Levitt tem nacionalidade americana, britânica e israelense e muitos contatos na China por causa do trabalho da mulher, estudiosa de arte chinesa.

    Continua após a publicidade

    Entrou de cabeça no assunto quando o índice de aumento na província de Hubei estava em 30% por dia – uma fase que está sendo vivida e ultrapassada pela Europa agora.

    “Não sou especialista em influenza, mas sei analisar números. Isso é crescimento exponencial”, disse o cientista ao Jerusalem Post.

    Se continuasse assim, o mundo inteiro estaria contaminado em 90 dias.

    Atingiu o ápice diário de 4.700 novos casos em 6 fevereiro, mas a partir do dia seguinte, começou a refluir.

    “O número de novas infecções começou a cair linearmente e não parou mais. Uma semana depois, aconteceu o mesmo com o número de mortes. Esta mudança dramática na curva marcou o ponto médio e permitiu uma previsão melhor sobre quando a pandemia iria acabar”.

    Continua após a publicidade

    Os modelos exponenciais calculam que cada pessoa pode contagiar mais 2,2 e assim continuará a fazê-lo, encontrando novas pessoas.

    “Mas no nosso círculo social, encontramos basicamente as mesmas pessoas”, diz Levitt.

    As “novas” são em ambientes públicos. Daí a importância do distanciamento e até do isolamento.

    Levitt tem outras análises fora do senso comum. Basicamente, acha que a maioria das pessoas é naturalmente imune ao vírus.

    Como fazer uma afirmação dessas, ousada, perigosa ou até potencialmente criminosa?

    Continua após a publicidade

    Nas condições “extremamente confortáveis” para a propagação do novo corona no navio de turismo Diamond Princess, onde todos os passageiros e tripulantes ficaram trancados numa tétrica quarentena, “apenas 20% foram infectados”.

    Em Wuhan, o índice total de infectados foi de 3%.

    Com suas análises audaciosas, Levitt responde, mesmo indiretamente, a pergunta mais desesperadamente presente: quando isso vai acabar.

    É, evidentemente, a mais crucial das perguntas, tanto em termos de decisões para a saúde pública quanto para a economia – e a política, claro.

    Donald Trump, por exemplo, já deu sua opinião: quer retomar logo a produção ou até mantê-la em áreas pouco afetadas dos Estados Unidos, onde já há mais de 40 mil casos com testes positivos.

    “A América irá, e em breve, abrir as portas para os negócios.”, disse ele ontem.

    “Muito breve. Bem mais cedo do que os três ou quatro meses que estão sugerindo. Não podemos deixar a cura ser pior que o problema”.

    Como decidir isso é a pergunta de quatro trilhões, ou mais, de dólares.

    Minimizar o número de vítimas da epidemia e conciliar isso com a ressuscitação da economia são   tarefas vitais que precisam ser respondidas ao mesmo tempo, em plena crise.

    Da pequena fresta de esperança que se abriu na Itália, onde gerações de cidadezinhas inteiras de idosos estão morrendo e sendo enterrados na solidão do coronavírus, talvez despontem também as primeiras respostas.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.