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Um novo Whitehead após Trump: ‘Elegeram um presidente racista e burro’

Em debate com escritor brasileiro Geovani Martins na Flip, o ganhador do Pulitzer desabafa sobre suas inclinações como autor após eleições americanas

Por Luísa Costa Atualizado em 30 jul 2018, 15h31 - Publicado em 28 jul 2018, 19h36

O escritor americano Colson Whitehead e o brasileiro Geovani Martins arrancaram aplausos e gargalhadas da plateia da Festa Literária Internacional de Paraty neste sábado (28), em mesa que discutiu racismo e diferença de classe, mesmo sem se propor a isso. Em diversos momentos, os autores foram ovacionados com sua respostas cortantes, sarcásticas e brutalmente honestas.

Um exemplo foi o desabafo de Whitehead, vencedor do Pulitzer com o livro Underground Railroad – Os Caminhos Para a Liberdade (HarperCollins), que já disse a VEJA adorar fazer piadas em seus livros, mas ter dois últimos lançamentos pesados e melancólicos. “Elegeram um presidente burro e racista logo depois de Obama, não posso escrever um livro com piadas depois de Trump. Tenho que falar de racismo institucional”, diz.

E vai além: “Quando estive aqui no Brasil antes, fui parado pela polícia duas vezes. Aqui na Flip é uma bolha de educação”. Ainda falou sobre alguns países acharem que já deixaram o racismo para trás: “Muitos países têm essa autoimagem. Quanto mais um país pensa que é pós-racial, menos ele é”, disse, sem esclarecer se estava se referindo ao Brasil.

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Da mesma maneira, o cronista Geovani Martins arrancou palmas calorosas ao ser questionado pelo mediador Pedro Meira Monteiro se sua literatura seria tão elogiada se ele não fosse do Morro do Vidigal, favela do Rio de Janeiro. A resposta do jovem autor, que estreia nas próximas semanas como cronista em um dos maiores jornais do país, foi certeira e empolgou a plateia: “Pergunte para os meus leitores.”

Ao falar dos personagens em seu livro O Sol Na Cabeça (Companhia das Letras), Geovani lembrou que não havia necessidade de descrevê-los como negros para a imaginação do leitor levá-los a pensar que sim, eram. Em trecho lido de seu livro, a história com ritmo alucinado de uma grávida sob a mira de um AK-47 era suficiente para fazê-lo, criticou.

Dedinho brasileiro?

Colson Whitehead começou sua participação no debate desmentindo a informação de que teria decidido ser escritor em viagem ao Brasil. “Desde a faculdade queria escrever, ficar em casa sem falar com ninguém, só inventando”, contou, esclarecendo que foi no Brasil que se comprometeu consigo mesmo a botar o primeiro romance no papel.

Aproveitou, no entanto, para zombar da história mal-interpretada: “Isso mesmo, estava deprimido e sem dinheiro em Paraty quando ouvi alguém chamando meu nome… Era uma mulher vestida de branco com uma caneta na mão que me disse ‘Colson, escreva!’… Era Iemanjá saindo das águas e me chamando para o meu destino”, brincou, levando a plateia às gargalhadas. “É, e foi assim que virei escritor. Nunca mais achei a caneta, deve ter caído na água.”

Abertura

A mesa foi precedida pela performance do poeta maranhense Reuben da Rocha, que usou trechos de poemas como “Agradeço, ó senhor”, da poeta russa Marina Tsvetáieva, e diversas vozes, entre elas a de Hilda Hilst em entrevista nos anos 70. A mistura com vocalizações feitas pelo artista e distorções de som intrigou a plateia, que demorou um pouco para reagir e aplaudir no fim.

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O evento

A 16ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) acontece de 25 a 30 de julho em Paraty, litoral sul do Rio de Janeiro. Com curadoria de Joselia Aguiar, o evento conta neste ano com a participação de André Aciman, autor do livro Me Chame pelo Seu Nome (adaptado ao filme homônimo vencedor do Oscar 2018), o laureado pelo Prêmio Pulitzer Colson Whitehead e a ganhadora do Prêmio Goncourt Leïla Slimani. A escritora homenageada da edição é a polêmica paulista Hilda Hilst.

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