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Vampiros do Mississippi marcam ‘Sonho Febril’, de George R. R. Martin

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 jul 2020, 00h25 - Publicado em 26 set 2015, 10h00
George R.R. Martin (Crédito: Jamie McCarthy/Getty Images)

George R.R. Martin (Crédito: Jamie McCarthy/Getty Images)

Victória Cirino

Os fãs – e não são poucos – de As Crônicas de Gelo e Fogo devem ter tomado um susto com o lançamento, pela Leya do Brasil, de Sonho Febril. O romance é assinado pelo americano George R. R. Martin, há anos assediado por leitores com cobranças pela continuação da bem-sucedida saga de livros, convertida em um não menos exitoso programa de TV pelo canal pago HBO. O livro, no entanto, não é novo – exceto para o Brasil, onde nunca havia sido publicado. Sonho Febril foi escrito em 1982, catorze anos antes de A Guerra dos Tronos, primeiro dos cinco volumes já editados de As Crônicas de Gelo e Fogo. Apesar de ser uma obra anterior à série que levou Martin à fama, já estava presente nela o interesse do escritor por temas fantásticos: a história, dessa vez, gira em torno de vampiros.

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Os sanguessugas de Martin são bem diferentes dos vampiros adolescentes de Crepúsculo, e se aproximam mais do estilo de romances clássicos como Drácula. O enredo de Sonho Febril se passa entre 1857 e 1870 nas margens do lendário Mississippi, rio que corta os Estados Unidos e que foi imortalizado pelo escritor Mark Twain nos livros As Aventuras de Tom Sawyer e As Aventuras de Huckleberry Finn. Apesar do cenário semelhante, comparações com Entrevista com o Vampiro param por aqui – as criaturas de Martin não são sensuais como as de Anne Rice. No romance do autor de A Guerra dos Tronos, os vampiros são uma raça humana à parte, dotada de uma sede de sangue que os condena a caçar pessoas para sobreviver. O auto-denominado povo da noite está infiltrado na sociedade, usufruindo de riquezas acumuladas ao longo dos séculos e escondendo a sua verdadeira identidade dos humanos. Caso você seja uma pessoa que se assusta facilmente, não se preocupe: há pouquíssimos trechos que causam medo e as cenas mais violentas são um passeio no parque quando comparadas a algumas das brutais mortes de Game of Thrones.

É nesse cenário que conhecemos o capitão Abner Marsh, falido após um rigoroso inverno destruir quase toda a sua frota de barcos a vapor, devido ao congelamento do rio e aos blocos de gelo que destroem os cais com a sua força. O livro começa quando o desiludido protagonista recebe do aristocrata Joshua York uma proposta que parece boa demais para ser verdade: ele investirá na companhia de Marsh e dará a ele dinheiro suficiente para construir o mais imponente barco a vapor já visto. Tudo isso é prometido em troca da experiência de barqueiro do capitão e de seu silêncio a respeito dos estranhos hábitos de seu sócio, que se recusa, inclusive, a explicar os motivos que o levaram a querer navegar pelo Mississippi.

sonho febrilA partir daí, nasce uma improvável amizade entre os dois homens, apesar das demoradas incursões em terra de York durante a viagem de St. Louis a New Orleans, que irritam seu sócio profundamente. São os atrasos no cronograma da jornada que incomodam a Marsh, muito mais que os estranhos hábitos de York, como trocar o dia pela noite ou preferir uma bebida com gosto de animal morto aos caros uísques da embarcação. Marsh só começa a ficar inquieto em relação a esses desaparecimentos quando, um dia, seu pálido companheiro retorna de uma de suas paradas com as mãos cobertas do que parece ser sangue. Ou será que Marsh não deve confiar tanto no que pensa ter visto?

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Boa parte do livro é narrada sob o ponto de vista do capitão, mas há trechos em que acompanhamos Sour Billy Tipton, capataz de um rico fazendeiro tão recôndito e enigmático quanto Joshua York: Damon Julian, o antagonista da história. Logo no segundo capítulo, somos apresentados a Tipton e o acompanhamos em uma visita a um leilão de escravos negros. No início, os dois fios narrativos se desenvolvem de forma independente, mas, lá pela metade do livro, os dois grupos de personagens se cruzam, com consequências nefastas para Marsh e York.

As descrições minuciosas de refeições já estavam presentes nesse romance mais antigo de Martin – característica muito debochada por fãs, que listaram mais de 160 menções a comidas apenas em A Guerra dos Tronos, o primeiro livro de As Crônicas de Gelo e Fogo. Há algumas diferenças, entretanto, entre Sonho Febril e a série que levou Martin à fama. Uma delas é o fato de as fronteiras entre bem e mal estarem muito mais bem traçadas em Sonho Febril, o que pode incomodar alguns leitores acostumados com a ambiguidade moral de seus personagens. Além disso, ao invés de ter como cenário uma terra fantasiosa ligeiramente inspirada na Idade Média, o livro se passa no mundo tal qual o conhecemos (exceto pela presença de vampiros), durante o fim da escravidão nos Estados Unidos e a Guerra Civil Americana. Acompanhar o trajeto do barco a vapor Fevre Dream com um mapa do rio Mississipi ao lado é uma dica interessante para os interessados em geografia.

De modo geral, Sonho Febril é uma leitura fácil e rápida que mantém o leitor entretido, mas fica muito aquém do sucesso editorial de As Crônicas de Gelo e Fogo. Para além das comparações entre as obras do autor, George R. R. Martin não decepciona ao criar uma história original de vampiros bem diferente dos romances contemporâneos atuais que se debruçam sobre essa questão. Para os fãs do gênero, é um livro para respirar aliviado no meio de um oceano de vampiros juvenis. Para os fãs de Martin, é um livro que com certeza vai mantê-los distraídos enquanto aguardam notícias sobre o livro The Winds of Winter e a sexta temporada de Game of Thrones.

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