A escolha de Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República estava mais certa que a de Flávio Dino para o Supremo nas últimas duas semanas.
Segundo a coluna apurou, o presidente Lula – que já pendia por escolher o subprocurador eleitoral para PGR – ouviu dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes que Gonet era o melhor nome com trânsito na corte.
Hoje sob ataque do Senado, os colegas de toga buscam aliados para evitar que a pauta bolsonarista contra o STF prospere nos próximos dois anos, tempo do mandato de um PGR.
Recentemente, a maioria dos senadores aprovou uma PEC que diminui poderes de ministros em decisões monocráticas, empoderando o plenário.
O caso ainda vai para a Câmara, mas a ideia no campo político da direita é tentar fazer outras mudanças no funcionamento da corte.
Também pesou em favor de Paulo Gonet a atuação do Ministério Público Eleitoral sob seu comando, que levou à inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Duas vezes, aliás.
A atuação pessoal do procurador no caso da reunião de Bolsonaro com embaixadores, na qual o político desqualificou o sistema eleitoral brasileiro, foi considerada exemplar.
No histórico recente, Gonet também agradou ao dizer que Lula não cometeu irregularidade alguma quando chamou o ex-presidente e líder da extrema-direita de “genocida”.
A “campanha” de Paulo Gonet pode ter sido bem mais fácil que a de Dino, mas também não foi um mar de rosas, sem resistência.
O futuro procurador-geral é católico fervoroso, assim como Augusto Aras, gerando constantes preocupações em setores do PT e da esquerda.
O temor é de que Paulo Gonet tenha atuação conservadora em pautas progressivas, como a da legalização do aborto, discussão que foi interrompida no STF, mas pode ser retomada nos próximos dois anos, também enquanto ele estará à frente da PGR.