Os 20% de Bolsonaro no STF… que viraram 10%
O presidente... e as contas erradas sobre sua influência na corte
Quando a indicação de André Mendonça para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) foi aprovada no ano passado, o presidente Jair Bolsonaro se gabou de ter 20% de votos na mais alta corte do país.
“Hoje em dia, eu não mando nos dois votos no Supremo, mas são dois ministros que representam, em tese, 20% daquilo que nós gostaríamos que fosse decidido e votado dentro do Supremo Tribunal Federal”, disse o presidente durante um evento no início de dezembro.
A declaração de Bolsonaro tem a ver com a presença de Mendonça e de Kassio Nunes Marques, os dois indicados por sua gestão. Apesar de toda essa certeza sobre o alinhamento dos dois ministros, a votação desta semana sobre o aumento do fundo eleitoral mostra que o presidente não tem os 20% que ele acreditava ter.
O ministro André Mendonça, que é relator do processo que julga a constitucionalidade do aumento do fundão para R$ 4,9 bilhões, votou contra a medida. Já o ministro Nunes Marques votou pela legalidade do aumento.
O julgamento está suspenso e só deve ser retomado após o feriado.
No momento, o placar está em 5 a 1 a favor da constitucionalidade do aumento. Apenas André Mendonça votou contra a medida.
Junto com Nunes Marques, aprovaram o aumento os ministros Alexandre de Moraes, Luiz Fux e Edson Fachin.
Bolsonaro errou as contas. Mendonça e Nunes Marques não estão necessariamente alinhados e isso apaga os 20% que o presidente achava que teria.
Em ano eleitoral, o próprio Bolsonaro já deixou claro que o mais importante de vencer essas eleições é que o próximo presidente poderá nomear mais dois ministros para o STF.
Convencido de que já tem 20% das decisões na Corte, o presidente deve estar querendo chegar aos 40% imaginários que criou em sua cabeça.