Um vídeo inédito (assista abaixo) mostra a operação que colocou Bruno Pereira na lista de inimigos do governo Bolsonaro.
Na imagem, é possível ver balsas usadas pelo garimpo ilegal sendo incendiadas. Logo após essa operação – realizada em 2019 e que terminou com 60 “barcos piratas” queimados – Bruno Pereira foi exonerado do cargo de coordenador-geral de índios isolados e de recente contato da Funai.
Um recado mais que claro de que a atual gestão não concordava com o combate ao crime organizado na região amazônica. Segundo apurou a coluna, o vídeo circulou entre integrantes do Executivo e foi mal visto. Nesta sexta, 24, como revelou este espaço, Barroso afirmou que o governo Bolsonaro levou a área ambiental ao “colapso” e ao “retrocesso”.
Desde aquele dia, portanto, Bruno Pereira, que coordenou essa operação contra o garimpo no Vale do Javari, passou a trabalhar sem apoio do Estado na luta contra crimes em terras indígenas. Além de Bruno, outros servidores foram jogados “para escanteio” após a operação.
Um deles é Roberto Cabral Borges, analista ambiental do Ibama que atuou como coordenador de operações do órgão e perdeu seu cargo, coincidentemente, após a operação contra as balsas. E não só por isso: depois de manifestar opiniões contrárias às do presidente Jair Bolsonaro.
Em conversa com servidores do Ibama, a coluna apurou que Roberto Cabral não aceitou orientações de aliados do governo e continuou emitindo multas em ações irregulares. Por causa dessa postura, foi sendo colocado de lado no órgão, perdendo inclusive, como Bruno Pereira, o posto de coordenador em um órgão federal.
Recentemente, Roberto Cabral participou de ato realizado em frente à Funai e enalteceu o trabalho de Bruno Pereira na proteção dos povos indígenas. “Ele realmente trabalhava, ele realmente militava para que a terra indígena fosse protegida”, disse o analista ambiental.
O servidor agora é pré-candidato a deputado pela Rede no Distrito Federal, defendendo a valorização dos povos originários e a proteção do meio ambiente.
Já Bruno Pereira entrou para a história como o maior indigenista do Brasil – depois de ser brutalmente assassinado ao lado de Dom Philips na Amazônia. O ex-servidor da Funai é um defensor dos indígenas no Vale do Javari, onde as balsas foram destruídas, e não se intimidou sob um governo que ignora a cultura do país.
Junto com Bruno, centenas de servidores ainda lutam para garantir que os indígenas e a Amazônia sejam protegidos – mesmo com uma oposição forte de quem tem a máquina pública na mão.