São muitos os erros!
Para se formar a base de um governo hoje, em 2023, é diferente – bem diferente – de vinte anos atrás, quando Lula ganhou a sua primeira eleição presidencial.
A vasta distribuição de cargos em troca de poder – apelidado de tomaládacá – se transformou em algo mais complexo e sofisticado.
Acostumados com o orçamento secreto durante os anos Bolsonaro, parte do parlamento quer não apenas cargos e ministérios, mas um volume de liberação de verbas ainda maior e mais rápida. De preferência, controlado por eles mesmos, os congressistas!
O governo tem feito um novo esforço para liberar as emendas obrigatórias, mas demorou demais.
Essa é apenas uma parte da história.
Ao perder, por exemplo, as mudanças no Marco do Saneamento, o governo Lula foi taxado de derrotado. O projeto era ruim e só queria dar mais poder para estatais em um país com baixa cobertura de saneamento.
Mas não é porque perdeu que Lula não tem base.
A verdade é que ainda não se sabe se o petista terá ou não uma base forte porque a Casa Civil está muito lenta nas nomeações. Tem bons nomes colocados à mesa, mas tudo trava nas mãos de Rui Costa.
A Casa Civil não está acompanhando a velocidade das ações do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Ou seja, o governo Lula promete mas não cumpre, desorganizado.
Ocorre que as tribulações se somam.
No caso do novo arcabouço fiscal, por exemplo, há um absurdo maior: um partido do governo não pode querer mudar um projeto enviado pelo… próprio governo. Eu chamaria isso de gol contra.
Até nos mínimos detalhes se erra. Gabriel Galipolo, excelente nome de Lula e Haddad, foi indicado para uma diretoria do Banco Central sem que se avisasse o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Como pode uma coisa dessas se Galipolo será sabatinado pela Casa? É primário e básico.
Talvez o pior erro, contudo, seja o fato de que Lula ainda não tenha entrado de cabeça na articulação política. Melhor que entre, e logo – hoje esse é o maior desafio do presidente que tem experiência de sobra pra isso.