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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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O que o Chile tem a ensinar para o Brasil

Ou... a volta respeitosa da esquerda e a importância da alternância de poder

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 dez 2021, 10h42 - Publicado em 20 dez 2021, 09h32
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  • A volta da esquerda ao poder no Chile não é só parte do processo salutar de alternância de poder numa democracia. É uma aula de civilização para países como o Brasil que foram tomados de assalto pela intolerância e pela estupidez. O que aconteceu nas últimas 24 horas no nosso vizinho sul-americano precisa ser celebrado. E muito!

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    O direitista Sebastián Piñera fez uma ligação ao presidente eleito esquerdista Gabriel Boric para uma reunião de trabalho normal nesta segunda, 20, com respeito pela divergência política. O candidato derrotado ultradireitista José Antonio Kast cumprimentou civilizadamente Boric e disse que ele merece “todo nosso respeito e cooperação construtiva”.

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    Em seu primeiro discurso como presidente eleito, Boric saudou o povo em um idioma indígena, o mapudungu dos mapuches, lembrando primeiro dos povos originários. Depois, o esquerdista terminou o seu discurso afirmando que “será o presidente de todos os chilenos”. O óbvio que esquecemos no Brasil.

    O ultradireitista derrotado, que perdeu por uma pequena margem de votos, fez um discurso admitindo a derrota e a vitória do seu adversário. Não contestou o processo eleitoral e terminou o seu “discurso de concessão” se dirigindo a todos os chilenos: “fiquem tranquilos, vai dar tudo certo”.

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    Prestem atenção aos detalhes, leitores: Kast admitiu a vitória antes de que 50% das urnas apuradas – ligou, cumprimentou o vencedor e pediu que respeitassem o presidente eleito. Depois, foi ao QG de Boric dizer que faria uma oposição construtiva.

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    A conversa amistosa entre Piñera e Boric foi por Zoom, sinal dos tempos, e as emissoras de TV transmitiram em tempo real. Muito adequado a um presidente eleito que é millenial, nasceu digital.

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    O Chile aprendeu com os seus erros do passado. Essa é a diferença. Após a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), que trucidou inúmeros opositores de esquerda, o país viveu uma Justiça de Transição, colocou os torturadores e generais na cadeia, expôs os crimes de Estado, e trouxe respostas às famílias das vítimas.

    Isso fez com que o país tivesse noção de que existem certos valores que são universais, e que estão acima da polarização cega esquerda-direita. O terror não foi esquecido, mas o país pode olhar para frente sabendo que fez o dever de casa.

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    Lá, não existem políticos que fazem apologia à tortura, ou louvação à regimes ditatoriais e que rasgam a Constituição. Kast tentou no primeiro turno e foi imediatamente repreendido, tendo que se retratar. Ver a eleição chilena é ter orgulho de um país que fez as escolhas certas. Um país tão perto de nós.

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    Boric, o jovem presidente eleito, foi apoiado pelos ex-presidentes Bachelet e  Lagos. Uniu da centro-direita à esquerda. Defendeu a liberdade de imprensa e disse que vai fazer acordos firmes com o Congresso para buscar mudanças duradouras no Chile.

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    Boric não apoia as ditaduras da Venezuela e da Nicarágua.

    O pleito leva o Brasil a ter saudade da civilização que perdemos, em algum momento – especialmente com a chegada de um presidente fascista ao poder, que não tem respeito por nada. Nem pela dor da morte. Jair Bolsonaro nunca soube, nem nunca saberá um dos ensinamentos bíblicos mais importantes: “ame, respeite teu próximo, como a ti mesmo”.

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