O novo aceno de Lula ao agro – predominantemente bolsonarista – gerou ruídos na ala ambientalista do seu próprio governo, segundo apurou a coluna.
É que o presidente da República criticou, nesta segunda, 12 – na frente da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen –, as exigências ambientais extras que europeus querem em um acordo comercial com o Mercosul.
É de interesse do agro que o país aumente as exportações para países da União Europeia através desse acordo entre os dois blocos. O pacto internacional pode finalmente ser assinado até o fim do ano, após anos de negociações.
Ocorre que, em sua declaração, Lula feriu convicções fundamentais da área sustentável de sua própria gestão federal, mais especificamente do Ministério do Meio Ambiente.
“Expus à presidente Von der Leyen as preocupações do Brasil com o instrumento adicional ao acordo apresentado pela União Europeia em março deste ano, que amplia as obrigações do país e as torna objeto de sanções em caso de descumprimento. A premissa que deve existir entre parceiros estratégicos é a da confiança mútua, e não de desconfiança e sanções”, disse o petista.
Trocando em miúdos, Lula reclamou da proibição da União Europeia de comprar produtos de outros continentes que tenham ligação com qualquer desmatamento de florestas.
Ora, mas o que Lula queria?
Que a Europa fizesse vista grossa à produção agrícola brasileira que não seja ecologicamente sustentável? Isso não vai acontecer.
Na semana passada, o petista já havia anunciado 7,6 bilhões de reais para o financiamento da safra, lembrando dos bons tempos vividos entre o setor e o PT em seus governos anteriores.
Nesta terça-feira, 13, Lula disse que “nunca teve problema com o agronegócio”. “Governei oito anos este país, eles sabem o que nós fizemos por eles. No nosso tempo, essas máquinas colheitadeiras grandes que parecem robôs eram financiadas com 2% ao ano. Hoje eles estão pagando 14%. O problema pode ser ideológico. Se for ideológico, paciência”, desabafou.
É o presidente tentando consertar um dos problemas do seu governo, gerando outro. No caso, aumentando. Já que a área do Meio Ambiente foi tão ferida no último mês pela falta de base no Congresso.