O insustentável tiro no pé de Lula no quinto mês de governo
Em um tema com repercussões internacionais
![SEM ÁRBITRO - Lula: distanciamento do presidente amplia problemas políticos](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/05/GettyImages-1252643758.jpg.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
Lula pode estar dando um insustentável tiro no pé no quinto mês de governo.
É um erro enorme que parlamentares do PT – e outros da base, alguns ligados à causa ambiental – deem o aval para a pauta bolsonarista de esvaziar o ministério do Meio Ambiente.
Um forte movimento contrário a Marina Silva começou com a queda de braço entre a Petrobras e o Ibama relacionada à exploração de petróleo na costa do Amapá.
Ocorre que decisão do Ibama já havia sido dada – nos mesmos termos – durante o governo Michel Temer. Para o órgão, a proposta da Petrobras, cinco anos depois, ainda não dá segurança de que a perfuração na região pode ser feita sem colocar em risco a biodiversidade local.
Se no governo Temer foi negado, se no governo Jair Bolsonaro a licença não andou, por que o governo Lula deveria passar o “tratoraço” em cima de uma questão importante como é a do meio ambiente?
O quadro, contudo, se agravou mais nesta quarta, 24, quando a MP que reestrutura a Esplanada dos Ministérios para Lula foi usada para esvaziar o ministério do Meio Ambiente, tirando parte de suas atribuições.
Depois, a extrema-direita aproveitou o ensejo e aprovou uma MP de Bolsonaro que torna mais fácil desmatar a Mata Atlântica, o que é um absurdo completo.
Perderam a noção do impacto que uma nova saída de Marina Silva de um governo Lula poderia gerar?
Se o presidente permitir o esvaziamento da política ambiental brasileira, perderá o apoio internacional conseguido nas eleições. Isso será um desastre.
Corre o risco de ver os investimentos de países estrangeiros para a preservação da Amazônia serem cancelados.
Um movimento em cadeia que pode colocar Lula, ao menos nesse tema, no mesmo patamar de Bolsonaro.