Mesmo com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, declarando o encerramento dos trabalhos do caso Marielle Franco, investigadores afirmaram à coluna que uma questão do inquérito ainda os intriga: o desligamento de cinco das 11 câmeras no percurso que a ex-vereadora e o motorista Anderson Gomes atravessaram antes de serem brutalmente assassinados.
Na página 336 do relatório final do caso Marielle, os delegados do caso relatam o que aconteceu nos dias seguintes ao crime, fato que se relaciona com as imagens da época: “O representante do Centro de Convenções relata que o vigilante local à época recebeu um policial civil que portava sua documentação funcional e compareceu em uma viatura caracterizada da PCERJ. Entretanto, o policial não apresentou qualquer documentação formal de pedido de gravação, tendo se contentado com a ida à sala de monitoramento e uma fotografia, em celular particular, dos monitores do local”.
Depois, os policiais federais explicam o seguinte no documento de mais 479 páginas: “Ou seja, a equipe policial esteve no local durante a abertura da janela de oportunidade para coletar prova imprescindível para a continuidade dos trabalhos investigativos, mas, além de não as apreender, sequer as preservou”.
É que, além das câmeras desligadas, houve negligência na coleta das imagens de outras que estavam em funcionamento. As duas ações — ou inação no caso de uma delas — foram providenciais para que os criminosos ficassem impunes por tanto tempo. É que não havia câmera de trânsito gravando no trecho em que o crime foi cometido.
Apesar de as principais questões (“quem mandou matar Marielle? E por quê?”) terem sido respondidas… Ainda fica a pergunta: quem desligou as câmeras? E quem não quis pegar uma cópia das que estavam funcionando?