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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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O agro enxerga a realidade brasileira, diz presidente de entidade do setor

Luiz Carlos Bergamaschi, da Associação Baiana dos Produtores de Algodão, fala sobre o debate ideológico e os desafios que o setor enfrenta para crescer mais

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 Maio 2023, 16h45

A instalação da CPI para apurar ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) consolidou a posição do agronegócio no centro de uma verdadeira guerra política. Na esteira de discussões que ganharam corpo no embate eleitoral do ano passado, os produtores rurais foram colocados no meio de uma discussão ideológica.

Enquanto isso, o PIB do agronegócio brasileiro saltou de US$ 122 bilhões para US$ 500 bilhões em 20 anos. Tudo graças a bons exemplos de tecnologia e produtividade espalhados pelos quatro cantos do país.

Um desses celeiros de boas ideias e soluções está no Oeste da Bahia, região a mil quilômetros de distância da capital Salvador. O local é conhecido como um dos principais polos de produção de grãos e fibras do Brasil.

Em entrevista à coluna, Luiz Carlos Bergamaschi, da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (ABAPA), fala sobre técnicas de produção sustentável na região e comenta a posição do setor no debate público atual.

Ele acaba de retornar de uma missão formada por produtores de algodão por cidades da China e da Coreia do Sul. O grupo foi promover o algodão brasileiro e buscar novos compradores. Pela primeira vez, a pluma nacional foi oferecida com certificação oficial, uma espécie de visto que atesta a qualidade do algodão produzido aqui.

O senhor preside uma entidade de produtores e acabou de integrar uma missão de vendedores de algodão na Ásia. Qual é hoje a maior preocupação do setor?

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Luiz Carlos Bergamaschi – A maior preocupação dos nossos associados hoje não é preço ou mercado, mas insegurança jurídica. Para que tanto a Bahia quanto o Brasil sigam colhendo os frutos, empregos e divisas geradas pelo agronegócio, é preciso que haja essa segurança. Isso envolve questões fundiárias pendentes e crescentes, a proteção contra invasões de terra e o excesso de regulação estatal. Também precisamos defender o país de barreiras comerciais muitas vezes disfarçadas de proteção ao meio ambiente.

Não parece haver um descolamento entre o discurso do setor com questões de ESG, tão em voga hoje em dia?

Bergamaschi – De maneira nenhuma. O agronegócio enxerga a ampla realidade brasileira. No Oeste da Bahia, por exemplo, há mais de três décadas a tecnologia no cultivo de grãos e fibras se alia à aplicação de práticas de proteção ao meio ambiente e de responsabilidade social com empregados e comunidades no entorno. Não teríamos alcançado o desenvolvimento agrícola que tivemos nas últimas décadas se não fosse pelo manejo adequado dos nossos recursos naturais, aliado ao uso de biológicos. Também temos programas com pequenos produtores que triplicaram a produtividade deles. E há exemplos desses por todo o país.

 Como está o mercado de produção de algodão brasileiro hoje?

Bergamaschi – O Brasil já foi um grande produtor de algodão no passado. Chegamos a plantar 4 milhões de hectares e colher 1,5 milhão de toneladas, mas foi tudo reduzido por uma praga e de exportadores viramos importadores. Mas o setor se organizou e se reestruturou. Desde 2019, o país é o segundo maior exportador mundial de algodão. Só perde para os Estados Unidos. O Brasil abastece o mercado interno e exporta o excedente. A Bahia é o segundo estado produtor do país, atrás do Mato Grosso.

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Há uma discussão perene sobre a posse de terras no país. O tema foi inflado neste governo. O setor tem posição fechada?

Bergamaschi – A discussão sobre a posse das terras pouco trata de questões sobre legalidade ou ilegalidade, mas é baseada em um discurso já enraizado sobre justiça social, que nada tem a ver com os produtores que adquiriram terras legalmente. Posso falar pelo oeste baiano, onde nós produtores, lá atrás, acreditamos que tratando e cuidando do solo seria possível desenvolver uma agricultura responsável. Nossa posição como polo de excelência do agronegócio não é fruto do acaso. É resultado de trabalho árduo, iniciado com o cultivo do solo de uma região até então pouco produtiva, e da união entre a experiência dos produtores com diversas tecnologias, como as empregadas pela Embrapa.

O que o senhor espera da CPI do MST?

Bergamaschi – O que posso dizer é que o que queremos é produzir, o que faremos será continuar produzindo, com alta produtividade e competitividade. Um setor com a relevância econômica do agronegócio não pode ter sua discussão técnica envelopada por uma roupagem ideológica. Criar falsas dicotomias entre produção e sustentabilidade também não são um caminho seguro para o país. A melhor alternativa para o Brasil será sempre o diálogo e a escuta atenta de quem produz por parte daqueles que nos representam.

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