Se a pesquisa FSB trouxe um choque de realidade para Jair Bolsonaro, a nova rodada Ipec, divulgada na noite desta segunda-feira, 5, desnudou ao atual presidente que o principal plano de sua campanha – de que o mês de agosto mudaria o quadro eleitoral – foi para o brejo.
Olhando profundamente o retrato da nova pesquisa – que carrega a metodologia do antigo Ibope -, várias notícias ruins surgem para o líder da extrema-direita, mesmo que, no geral, Lula tenha mantido os 44% e ele tenha caído apenas um ponto percentual de 32% para 31%.
A primeira – e pior das más notícias para Bolsonaro – é que o presidente viu sua rejeição subir de 46% para o 49% entre 15 de agosto e a primeira semana de setembro, mesmo com o início do pagamento do Auxílio Brasil, do vale gás, do vale caminhoneiro, do vale-tudo eleitoral aprovado na PEC kamikaze.
No mesmo período de 21 dias, o atual presidente ainda testemunhou Lula crescer um ponto percentual entre os homens, enquanto ele também perdeu um ponto. O petista ainda manteve a larga vantagem de 19 pontos percentuais entre as mulheres, um dos focos de Bolsonaro no mês de agosto.
Na maior estrato sócio-econômico do eleitorado – os mais pobres -, Bolsonaro diminuiu de 41% para 35% a esmagadora vantagem de Lula entre aqueles que ganham até um salário mínimo, mas viu o petista ampliar de 15% para 23% a “vitória” entre os brasileiros que ganham de um a dois salários mínimos.
Como se não bastasse, a “guerra santa” dos primeiros dias oficiais da campanha – outra aposta da campanha de Bolsonaro para crescer – rendeu apenas um ponto a mais entre evangélicos para o presidente, que agora lidera por 19 pontos percentuais. Há 21 dias, a vantagem era de 18 pontos.
O mesmo movimento do eleitorado aconteceu entre os católicos. Bolsonaro conseguiu diminuir a diferença em um ponto percentual, mas Lula ainda vence por nada mais, nada menos que 24 pontos percentuais.
Quer mais uma notícia ruim para o grupo político do atual presidente?
No Sudeste, que concentra a maior parte do eleitorado, o petista ampliou a vantagem de seis para 11 pontos percentuais nesses últimos 20 dias em que a campanha de fato esquentou (e que o preço da gasolina caiu nas bombas).
É a prova de que – ao menos para a campanha fundamentalista e religiosa de Bolsonaro – o “diabo mora mesmo nos detalhes”.