Lula usa Bolsonaro como escudo de proteção
Em reunião ministerial, o presidente aponta o antecessor para justificar mau desempenho em algumas áreas do governo
O presidente Lula resolveu atacar Jair Bolsonaro na reunião ministerial feita para tentar dirimir os efeitos negativos da queda de popularidade do seu terceiro governo nas pesquisas.
Apontando o líder da extrema direita como principal culpado pelos problemas atuais do Brasil, justificou a dificuldade em avançar em algumas pautas de ministérios, como o Desenvolvimento Social.
“Nosso primeiro ano foi um ano de recuperação. Todo mundo sabe que recuperar uma coisa estragada é mais difícil do que começar uma coisa nova. Tudo o que fizemos é apenas um início, mas isso não basta. Precisamos fazer muito mais”, disse, explicando que algumas pastas ministeriais foram encontradas em “escombros”.
Para o petista, Bolsonaro nunca se preocupou em governar o país, nem mesmo com a economia, mas com o estímulo ao ódio entre as pessoas enquanto esquecia as políticas sociais.
Lula deixou claro que não tem sido fácil recuperar programas como Bolsa Família e Farmácia Popular, ou mesmo aumentar o salário acima da inflação.
“Por mais que a gente tenha recuperado o Farmácia Popular, o Mais Médicos, por mais que a gente tenha feito clínica, a gente ainda tem muito para fazer em todas as áreas – tudo aquilo que nós nos comprometemos a fazer durante a disputa eleitoral”, afirmou, antes de chamar Bolsonaro de “covardão”.
É que, para o presidente, uma certeza paira no país: a de que um golpe de Estado quase empurrou o Brasil a “tempos tenebrosos”. “Não teve golpe não só porque algumas pessoas que estavam no comando das próprias Forças Armadas não quiseram fazer, não aceitaram a ideia do presidente, mas também porque o presidente é um covardão.”
Lula se referia aos depoimentos dos chefes do Exército e da Aeronáutica, que se negaram a colocar as tropas nas ruas para manter Bolsonaro no poder, rasgando a Constituição. E ao fato de que o ex-presidente viajou para os Estados Unidos para não transmitir a faixa na posse.
“Ele ficou dentro de casa, aqui dentro do palácio, chorando quase um mês. E preferiu fugir para os Estados Unidos do que fazer o que ele tinha prometido, na expectativa de que fora do país o golpe poderia acontecer”, disse o petista.
Lula ainda criticou o abuso religioso feito pelo bolsonarismo por meio das igrejas evangélicas: “(…) um país em que a religião não seja instrumentalizada por um partido político ou um governo”. “A gente não pode compreender a religião sendo manipulada da forma vil e baixa como está sendo nesse país”, completou.
Mais do que um freio de arrumação do seu governo, que era o que havia sido anunciado nos bastidores, a reunião serviu para usar Bolsonaro como escudo de proteção diante do baixo desempenho do governo em algumas áreas.