Ex-presidentes do IBGE fazem apelo por Censo em 2021
Em carta, oito ex-comandantes do instituto podem que Congresso “não deixe o país às cegas”
Oito ex-presidentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fizeram um apelo ao Congresso Nacional para que o Censo, que já foi adiado de 2020 para 2021 por conta da pandemia, não seja atrasado novamente.
“Uma alteração de última hora na proposta orçamentária para 2021 ameaça cancelar o Censo Demográfico decenal que deveria ter sido feito no ano passado, e foi adiado para este ano por causa da Covid, como na maioria dos países do mundo”, afirma o texto.
Na missiva, enviada a senadores, deputadas e membros da Comissão Mista do Orçamento, Edmar Bacha, Eduardo Nunes, Eduardo Augusto Guimarães, Edson Nunes, Eurico Borba, Sérgio Besserman, Simon Schwartzman e Silvio Minciotti pedem que sejam preservados os recursos do censo e para não deixarem “o país às cegas”.
É importante lembrar que o Censo, que já teve verba cortada no orçamento original de 2020 e acabou adiado por causa da pandemia, pode não ocorrer se confirmarem a nova supressão da verba orçamentária. Isso prejudicaria municípios porque, com base nesses dados, se faz a distribuição do Fundo de Participação dos Municípios, além do óbvio apagão de dados. Por isso, ex-presidentes do IBGE de governos diferentes fizeram esse documento de alerta.
Segundo eles, sem a pesquisa, “o Brasil se junta ao Haiti, Afeganistão, Congo, Líbia e outros estados falidos ou em guerra que estão há mais de 11 anos sem informação estatística adequada para apoiar suas políticas econômicas e sociais”. Leia a carta abaixo:
Pela Preservação do Censo Demográfico 2021
Uma alteração de última hora na proposta orçamentária para 2021 ameaça cancelar o Censo Demográfico decenal que deveria ter sido feito no ano passado, e foi adiado para este ano por causa da Covid, como na maioria dos países do mundo.
Os dados do Censo Demográfico são a base para a transferência dos recursos do Fundo de Participação de Estados e Municípios, para a administração do Bolsa Família e para todas as políticas de educação, saúde e transferência de renda do governo federal, estados e municípios. E é ele, também, que traz confiabilidade para as pesquisas amostrais de emprego, saúde e educação do IBGE e outras entidades públicas e privadas. Nosso último censo ocorreu em 2010, e, sem ele, o Brasil se junta ao Haiti, Afeganistão, Congo, Líbia e outros estados falidos ou em guerra que estão há mais de 11 anos sem informação estatística adequada para apoiar suas políticas econômicas e sociais.
O Censo de 2021 deverá ser feito por uma combinação de coletas de dados nos domicílios e de forma virtual e por telefone, fazendo uso das novas tecnologias que o IBGE teve que desenvolver ao longo de 2020 para não interromper suas pesquisas amostrais. A expectativa é que, em agosto, o Brasil já tenha saído ou esteja saindo da epidemia da COVID, e o IBGE vem se preparando para realizar o trabalho fazendo uso de protocolos estritos de proteção sanitária de entrevistadores e entrevistados.
Como ex-presidentes do IBGE, instamos aos senhores Senadores e Deputados, membros da Comissão Mista do Orçamento, que preservem os recursos do censo e não deixem o país às cegas.
Edmar Bacha
Eduardo Nunes
Eduardo Augusto Guimarães
Edson Nunes
Eurico Borba
Sérgio Besserman
Simon Schwartzman
Silvio Minciotti