Com um discurso enigmático, dúbio e golpista, Jair Bolsonaro abandonou o “mimimi” que vestiu após sua derrota nas eleições e ressurgiu dizendo que “as Forças Armadas são o último obstáculo para o socialismo”.
“Tenho certeza que entre as minhas funções garantidas na Constituição é ser o chefe supremo das Forças Armadas. As Forças Armadas são essenciais em qualquer país do mundo. Sempre disse ao longo desses quatro anos que as Forças Armadas são o último obstáculo para o socialismo”, disse o mandatário a simpatizantes no Palácio da Alvorada.
Ou seja – após 40 dias de silêncio sobre a derrota para Lula – o presidente da República reapareceu alimentando ideias extremistas de seus apoiadores que pedem até hoje golpe na frente dos quartéis.
Vamos lá: se existe uma ameaça comunista – e se as forças armadas são o último obstáculo, segundo Bolsonaro – a ideia de golpe deles contra Lula não está errada.
Certo?
Desde o fim das eleições, extremistas de direita gritam aos generais, na porta nos quartéis e até fazem sinais para extraterrestres com o intuito de que o presidente eleito não tome posse no dia 1º de janeiro.
No seu novo discurso destrambelhado, Bolsonaro pediu para seus apoiadores se manterem informados e que sua “vitória” será “dentro das quatro linhas da Constituição”.
“Se algo der errado é porque eu perdi a minha liderança, eu me responsabilizo pelos meus erros. Mas peço a vocês: não critiquem sem ter certeza absoluta do que está acontecendo”, completou, com um nível de dubiedade assustador.
Depois, sentenciou:
“O destino é o povo que tem que tomar. Quem decide o meu futuro, para onde eu vou, são vocês. Quem decide para onde vai as Forças Armadas são vocês, quem decide para onde vai Câmara e Senado são vocês também”.