O partido do presidente Jair Bolsonaro, o PL, resolveu escalar contra Lula e o PT na Justiça. Nesta sexta, 5, apresentou sete ações ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acusando o ex-presidente, líder das pesquisas, de propaganda eleitoral antecipada e de ter feito “discurso de ódio” contra o atual chefe do Executivo.
Bolsonaro reclama de ter sido chamado de “fascista”, “genocida”, “desumano” e até de “negacionista” por Lula – mesmo após todos os graves erros cometidos pelo atual presidente durante a pior pandemia dos últimos 100 anos e todas as suas inúmeras declarações que ferem os valores mais básicos do ser humano.
Como mostrou Mateus Teixeira na Folha, o pedido de Bolsonaro diz que Lula “proferiu gravíssimas ofensas à honra e à imagem do atual presidente da República, bem como realizou verdadeiro discurso de ódio contra seu opositor, o que reforça a gravidade dos atos”.
Bolsonaro, lamentavelmente, se enquadra nessas definições por escolhas políticas, e de vida mesmo, próprias. Ele, inclusive, imita algumas estéticas fascistas, como as motociatas.
É preciso lembrar também o histórico do presidente, que fala em metralhar a petralhada, fuzilar Fernando Henrique, que erro foi torturar e não matar e que a ditadura deveria ter matado 30 mil.
Para além da propaganda antecipada, a questão do discurso do ódio – que não tem uma definição clara na legislação brasileira – é uma tentativa de colocar o TSE numa sinuca de bico. Se não punir Lula, Bolsonaro vai escalar ainda mais a sua retórica para cima do PT e do ex-presidente.
O que acontecerá depois?
A qualquer acusação de discurso violento e de ódio, o que Bolsonaro certamente fará de novo e de novo e de novo nos próximos meses nesta campanha, lembrará o eleitor que Lula não foi punido por essas declarações contra ele. É um dilema e tanto que só os ministros da corte eleitoral poderão resolver.
E ajudar o Brasil a sair de mais uma armadilha bolsonarista.