![QUEBRA DE CONFIANÇA - Lula na COP27: ataque ao controle das contas públicas em nome dos programas sociais -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/11/000_32NM4D4.jpg.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
As recentes falas de Lula sobre priorizar a responsabilidade social em vez da responsabilidade fiscal – como se fossem áreas desconectadas – assustaram o mercado e obrigaram a equipe do presidente eleito a fazer uma verdadeira operação para acalmar os ânimos.
Nesta quinta, 17, quatro acontecimentos mostram o esforço para diminuir a tensão entre Lula e os mercados:
– Primeiro, Lula cancelou entrevista coletiva que daria no Egito para encerrar sua passagem pela COP 27. O cancelamento aconteceu horas depois de o petista falar que “não adianta ficar pensando só em responsabilidade fiscal” e gerar novo estresse no mercado.
(As falas vagas de Lula geram dúvidas sobre sua postura e isso se reflete na economia. Uma oscilação pontual no preço do dólar não afeta o país como um todo, mas se essa alta for constante, isso começa a impactar nos preços internos, a inflação sobe e a picanha, que presidente eleito prometeu colocar na mesa de todos os brasileiros, não será mais possível).
– Já o ex-ministro Guido Mantega pediu para sair da equipe de transição do governo por causa de uma condenação proferida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que o impede de ocupar cargos públicos. A presença do ex-ministro poderia deixar a situação de Lula com o mercado ainda mais delicada.
– Também como parte da operação para reaproximar o novo governo dos agentes econômicos, Aloízio Mercadante e Geraldo Alckmin concederam entrevistas importantes e deram recados de que a nova gestão respeitará a questão fiscal.
Em entrevista coletiva, o ex-ministro Aloizio Mercadante, que coordena os grupos técnicos da transição de governo, não entrou em detalhes, mas falou em corte de despesas e aumento de receita, em mais uma sinalização ao mercado.
“Tem uma discussão aprofundada sobre corte de despesas, sobre aumento de eficiência do gasto público, sobre combater desperdícios, que nós estamos identificando para poder atacar áreas prioritárias… e aumento de receita que não significa aumento de carga tributária”, disse Mercadante.
Mais tarde, na GloboNews, Alckmin foi mais claro ao dizer que “não há hipótese de haver irresponsabilidade fiscal” e ao explicar que o novo governo vai discutir a questão fiscal.
“É preciso discutir e ter uma regra fiscal que deve levar em consideração os gastos do governo, a curva da dívida, o resultado primário, uma combinação de tudo isso. Agora, não dá pra fazer em 30 dias, sem nem tomar posse. Então, o que se está fazendo com essa PEC, ela simplesmente exclui o Bolsa Família, é isso”, afirmou.
Lula emitiu sinais desnecessários e agora sua equipe precisa consertar os danos. A expectativa é de que, havendo uma reorganização, o presidente eleito mantenha firme a decisão de respeitar a questão fiscal além de ajudar os mais pobres.