A revelação de que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, possui uma empresa fora do país envolve uma série de questões que vão além da análise da questão legal.
É certo que o ministro fez riqueza antes de entrar na vida pública e não há nada de errado nisso. Não é ilegal enriquecer nem aplicar dinheiro no exterior, desde que os requisitos de declaração à Receita e aos órgãos competentes sejam respeitados.
O ministro da Economia já explicou que declarou à Receita sua participação na empresa no exterior e garantiu que se desvinculou de toda sua atuação no mercado financeiro.
A questão é que, por ocupar o cargo de chefe da Economia do país, Guedes precisa aumentar a transparência de suas ações e dar mais explicações sobre o que tem feito enquanto é ministro de Estado.
Nesse momento, não basta ficar em silêncio e emitir notas oficiais. Guedes precisa explicar se houve movimentação desse dinheiro desde que tomou posse e se alguma de suas decisões como ministro contribuiu para aumentar sua riqueza de forma premeditada.
A empresa da família Guedes foi aberta em 2014, mas em 2019 ele assumiu a economia do país. Ele precisa explicar o motivo pelo qual não trouxe o dinheiro de volta ao país, já que ele defende que a economia brasileira está se recuperando.
Em vários discursos no passado, o ministro faz o brasileiro acreditar que a situação econômica vai melhorar e que a retomada está acontecendo em V. Se a economia por aqui é tão promissora, quando ele diz, por que o ministro deixa parte de sua riqueza nas Ilhas Virgens, um paraíso fiscal?
A questão em relação a Guedes vai além da legislação permitir ou não a offshore. O assunto envolve uma análise moral. O ministro que tem poder para influenciar de forma definitiva na economia do país precisa se explicar e provar que não está se beneficiando de seu cargo para enriquecer ainda mais.