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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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A aliança contraditória entre o partido de Tebet e o de Bolsonaro

MDB e PL podem se unir em São Paulo e no Rio...

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 16h40 - Publicado em 23 jan 2024, 18h43

O MDB apoiou o presidente Lula no segundo turno das eleições presidenciais com um convicto discurso antibolsonarista de Simone Tebet. Tanto a candidata quanto o partido – e isso é importante reforçar – diziam que era preciso derrotar as forças antidemocráticas. 

Pois bem.

O problema é que agora, dois anos depois, o deputado Baleia Rossi mudou completamente o discurso. Em entrevista à jornalista Bianca Gomes, o presidente do MDB afirmou que vai fazer uma frente ampla em São Paulo, com Ricardo Nunes, seu correligionário, aceitando o apoio do PL.

Fala-se também na possibilidade de o MDB apoiar o deputado Alexandre Ramagem para a prefeitura do Rio de Janeiro, que é o indicado de Jair Bolsonaro. Aliás, é homem de Bolsonaro – inventado por ele e ninguém mais.

Não é possível que um partido seja contra Bolsonaro na eleição federal – tanto que participa da frente ampla por Lula e sua candidata a presidente tem ministério no governo -, mas se alie às forças apoiadas diretamente pelo ex-presidente em busca de prefeituras.

Essa contradição é insanável. 

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Baleia Rossi está dizendo que é a eleição mais importante do país. Entretanto, para ele… os assuntos municipais são apenas locais – nada a ver com o assunto federal.

Não é verdade. 

Em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo, não vai dar para escapar da federalização. Apoiar qualquer candidato ligado a Bolsonaro é fortalecer a extrema-direita e as forças antidemocráticas que eles diziam combater há menos de dois anos.

Ou não?

PS – Para se ter uma ideia, se o MDB decidir por apoiar Ramagem no Rio em nova aliança com o PL, o MDB estará sob o comando de Carlos Bolsonaro, que preside o Partido Liberal no Rio. Haja contradição…

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O QUE DIZ O MDB

Após a publicação do texto acima, a assessoria de imprensa do MDB enviou a carta abaixo à coluna, 

Prezado colunista Matheus Leitão, 

Respeitosamente, informamos que há erros de informação no texto publicado sob o título “A aliança contraditória entre o partido de Tebet e o de Bolsonaro”. Por favor, certifique-se e, se possível, considere fazer as devidas correções sublinhadas. 

Ao contrário do afirmado na primeira linha do texto, o MDB não declarou apoio ao candidato Lula da Silva (PT) no segundo turno de 2022. O partido liberou os filiados para que votassem com sua consciência (veja nota divulgada à época no fim do texto). 

É incorreta a afirmação de que o MDB ficará sob o comando de Carlos Bolsonaro caso o partido se coligue com o PL. O jornalista, que já conta com larga experiência, parece se esquecer que coligações não são fusões, e que os partidos são autônomos. 

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Não há nenhuma contradição quanto ao posicionamento do presidente Baleia Rossi nem de Simone Tebet. Em seus respectivos Estados, os dois apoiaram candidatos que fizeram aliança com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022. 

No Mato Grosso do Sul, Simone apoiou o candidato e atual governador Eduardo Riedel (PSDB), que apoiou Bolsonaro e se coligou ao PL e ao PP. Isso não a impediu de fazer campanha por Lula, contando inclusive com a estrutura do MDB. 

Em São Paulo, Baleia apoiou Tarcísio de Freitas (Republicanos), coligado com o PL. Em relação à disputa presidencial, Baleia Rossi não declarou apoio à Bolsonaro nem em 2018 nem 2022. Também não declarou a apoio a Lula. 

Antes do primeiro turno de 2022, Lula antecipou seu apoio a Guilherme Boulos (PSOL) para a prefeitura de São Paulo, o que resultou na retirada de sua candidatura ao governo do Estado, abrindo espaço para o PSOL apoiar Fernando Haddad (PT). 

Tal movimento político acabou por levar os partidos de direita (PL), centro-direita (PP, Republicanos), centro (PSD, Podemos, PSDB-Cidadania) e até mesmo de centro- esquerda (Solidariedade) a buscar um acordo político com Ricardo Nunes (MDB). 

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Nesse sentido, é errada a conclusão do parágrafo com a frase “não é possível que um partido (…) se alie às forças apoiadas diretamente pelo ex-presidente em busca de prefeituras”. Em São Paulo, é o PL que poderá apoiar o MDB, e não o contrário. 

O MDB nasceu como partido de centro há 60 anos, e assim se mantém. Como partido de centro, a sigla mantém coligações com os polos. Isso não é incomum ao PT, que em 2012 fez coligação com PP de Paulo Maluf em São Paulo. 

Outros exemplos que o jornalista deveria considerar são: em Salvador, o pré-candidato Geraldo Jr (MDB) terá o apoio do PT. Em Teresina, o pré-candidato Fabio Novo (PT) contará com o apoio do MDB. 

Nos governos estaduais também há alianças com o PT. No Rio Grande do Norte, Walter Alves (MDB) é vice-governador de Fátima Bezerra (PT). No Ceará, Jade Romero (MDB) é vice-governadora de Elmano de Freitas (PT). 

Em contrapartida, há exemplos também de alianças ao centro e também com a centro- direita. Em Goiás, Daniel Vilela (MDB) é vice-governador de Ronaldo Caiado (União Brasil). No Rio Grande do Sul, Gabriel Souza (MDB) é vice de Eduardo Leite (PSDB). 

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Tais dados poderiam ter sido apurados ou questionados à assessoria de imprensa do MDB ou ao deputado Baleia Rossi. 

O jornalista também se equivoca quanto ao uso do termo “federalização”, que significa tornar um bem ou serviço do estadual como federal. O mais preciso é afirmar que poderá haver uma “polarização” da disputa nas capitais. 

Quanto a isso, o especialista Felipe Nunes, autor do livro Biografia do Abismo, afirmou ao Valor que “a força dos prefeitos relativiza a polarização” e que “a gestão dos prefeitos” é terá peso na escolha dos leitores (texto de 16/01/2024). 

Esse foi o ponto abordado pelo presidente Baleia Rossi na entrevista ao jornal O Globo, que o foco da campanha de Ricardo Nunes (MDB) será a gestão, e não a polarização. 

O MDB afirma que a imprensa também é responsável por incentivar a polarização. O MDB, como sigla de centro, faz exatamente o contrário ao buscar a construção de consensos, seja à direita ou à esquerda. 

RESPOSTA DA COLUNA

Este jornalista mantém as informações publicadas, discorda que a carta enviada pelo partido seja respeitosa e não se deixará intimidar. 

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