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Marcos Emílio Gomes A coluna trata de desigualdade, com destaque para casos em que as prioridades na defesa dos mais ricos e mais fortes acabam abrigadas na legislação, na prática dos tribunais e nas tradições culturais
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A desigualdade é a maior razão das mortes por Covid-19 no Brasil

A doença, como se sabe, exibe sua face mais perversa quando encontra um organismo debilitado. No caso brasileiro, a debilidade é social

Por Marcos Emílio Gomes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 jun 2020, 11h24 - Publicado em 20 Maio 2020, 12h12
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  • As contas sobre o número de mortos pela pandemia global em várias regiões do país não deixam dúvidas.

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    A maioria das vítimas no Brasil não morre apenas porque contraiu a doença. Morre em razão de condições de habitação que facilitam a disseminação do coronavírus, por ter a saúde comprometida anteriormente por enfermidades do subdesenvolvimento, por não encontrar assistência adequada e por enfrentar condições econômicas que tornam inviável o distanciamento social.

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    Na capital paulista, onde o vírus fez sua primeira vítima no Brasil, o total de óbitos por 100 mil habitantes passou de 24 esta semana, depois de decorridos dois meses desde a primeira morte por Covid-19 registrada na cidade.

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    Ainda que tenha bairros com explosão de casos, como a Brasilândia, cuja população enfrenta o dobro da letalidade, São Paulo tem relativo sucesso no isolamento, principalmente dos grupos de risco, com home office, saneamento com índices europeus, SUS acessível e ações emergenciais que evitam, por enquanto, o colapso da rede médica.

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    Com duas semanas a menos no histórico local da pandemia, Fortaleza está prestes a chegar a 50 óbitos por 100 mil habitantes, dividindo com Manaus a duvidosa distinção de capital em que a doença estampa suas marcas mais violentas.

    Na capital do Amazonas, as mortes passam de 55 por 100 mil habitantes, decorridas três semanas desde o registro do primeiro óbito.

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    Ao lado do coronavírus, a dengue tem vitimado quatro vezes mais pessoas este ano em Fortaleza do que no ano passado. Em Manaus, o aumento de casos em 2020 está em 138%, em comparação a 2019.

    Antes da crise sanitária, ambas as capitais tinham índice de leitos do SUS por 10.000 habitantes abaixo de um, algo como 20% da oferta de leitos na rede privada para portadores de planos de saúde.

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    Metade da população de Fortaleza não tem saneamento básico. Na capital amazonense, a rede de esgoto só atende a 12% da população e 18% dos manauaras não dispõem de água encanada.

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    No mundo todo, a densidade demográfica é considerada uma vantagem na implantação de infraestrutura urbana – realidade que, no Brasil, foi transformada em lenda.

    Manaus, mesmo sendo o quarto maior município do país em extensão, tem alguns dos mais densos aglomerados urbanos porque sua área habitada é metade da total.

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    Fortaleza, por seu lado, tem a maior densidade demográfica entre as capitais brasileiras – o que significa, na verdade, concentrar pessoas em bolsões de miséria, como o bairro do Pirambu, em que 42.000 habitantes dividem pouco mais de meio quilômetro quadrado.

    Outras regiões do mundo com alta concentração urbana sofrem agora com a Covid-19, basicamente porque o vírus, levado por muitos visitantes ou por cidadãos locais retornando de viagem, disseminou-se muito antes que se tomassem medidas de distanciamento social.

    Nova York, esquina planetária com mais de 10 mil moradores por quilômetro quadro (27 mil em Manhattan), é o caso mais grave, com o total de 160 mortos por 100 mil habitantes ultrapassado no 50º dia depois do registro do primeiro óbito.

    A Lombardia, cujo índice passa de 100 óbitos por 100 mil habitantes, é a região de maior população na Itália e Milão, a capital, tem uma das maiores densidades demográficas do país, além de relações intensas com empresas na China e por toda a Europa.

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    Nos dois casos, há ainda considerável população de idosos, no meio da qual a Covid-19 tem a fatalidade ampliada.

    As capitais brasileiras nas quais o coronavírus mais avança estão longe de ter idosos na mesma proporção ou conexões mundiais de igual relevância, ainda que Manaus tenha a Zona Franca e Fortaleza receba turistas de muitos países.

    Mas sua importância regional as expõe a um fluxo interno de visitantes intenso que foi suficiente para deixar portas abertas à chegada de múltiplos disseminadores da doença.

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    A Covid-19, como se sabe, exibe sua face mais perversa quando encontra um organismo debilitado. No caso brasileiro, a debilidade é social.

    Para acessar artigos do site Ora Essa sobre a crise sanitária e o drama político brasileiro, você pode acessar este link.

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