PF vê com gravidade falas de Cid sobre acordo de delação
Nos áudios revelados por VEJA, o ex-ajudante de ordens afirma que foi forçado a dar versões e criticou duramente o ministro Alexandre de Moraes
Uma importante fonte da PF revelou à coluna que a corporação viu com “gravidade as falas” do tenente-coronel Mauro Cid, reveladas por VEJA, em relação a condução feita pela PF nas investigações contra a tentativa de golpe, e que a instituição representou junto ao STF um pedido para que ele se esclareça.
Ainda, de acordo com a fonte, “ninguém acusará a PF e o STF dessa forma, e ficará incólume”.
Segundo os áudios obtidos por Veja, em reportagem de capa, assinada pelos jornalistas Robson Bonin, Marcela Mattos e Laryssa Borges, Cid diz que foi coagido a dar versões sobre a trama golpista para compor uma narrativa já definida pelos investigadores. Em determinado momento, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro diz: “Eles (os policiais) queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu”, contou. “Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”, afirmou.
A conversa com um suposto amigo teria acontecido após o depoimento que o tenente-coronel deu à PF, no dia 11 deste mês. Na ocasião, Cid também teceu duras críticas ao ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga a tentativa de golpe.
Em outro áudio, obtido por Veja, o militar fala: “O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação.”
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro será ouvido nesta sexta-feira, às 13 horas, pelo desembargador Airton Vieira, juíz instrutor do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, junto com a defesa e um representante da PGR. A PF também vai ouví-lo ainda nesta tarde.