Festejada e enaltecida, a Operação Lava-Jato foi um trunfo que deu holofotes não só ao ex-juiz Sergio Moro e ao então coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, como foi uma das bandeiras mais bem usadas pelo ex-presidente Bolsonaro para chegar ao poder. O discurso caía como uma luva à época: um basta à corrupção!
Meses depois, o juiz que mandou prender Lula virou ministro da Justiça do governo que, indiretamente ou diretamente, ajudou a eleger. A Justiça agiu, o ministro foi considerado parcial e as provas foram anuladas.
O mérito, no entanto, ainda existe. Não há dúvidas de que houve corrupção e que a operação teve um papel fundamental nessa luta. O problema é saber qual a precisão que se tem sobre os fatos. E, quando se trata de justiça, a falta de transparência não pode condenar. Em suma: os fins não justificam os meios.
A decisão de hoje do ministro do Supremo Dias Toffoli é a coroa de flores do funeral da operação que tinha uma causa nobre. Toffoli anulou todas as provas do acordo de leniência que tinha sido firmado com a construtora Odebrecht. Como se não bastasse, o ministro chamou de “armação” as investigações que resultaram no encarceramento do presidente. Amparado, ainda segundo a decisão, em provas “forjadas”.
Decisão histórica, para o bem e para o mal. Mas que fortalece o papel das instituições democráticas. Demonstrando que não há espaço para arbitrariedade.