Vinte mortos pela polícia no novo capítulo da crise de violência na Bahia
Estado governado por Jerônimo Rodrigues (PT) concentra 50 cidades mais violentas do país
A Bahia registrou a morte de vinte civis em confrontos com policiais militares entre os dias 28 de julho e 2 de agosto. Os óbitos ocorreram nas cidades de Salvador, Camaçari e Itatim. Na capital, na segunda 31, as aulas de quatro escolas localizadas no bairro Cosme de Farias foram suspensas devido aos tiroteios.
O Ministério Público anunciou que vai investigar todos os casos de forma autônoma e que também vai acompanhar os andamentos dos inquéritos abertos pela Polícia Civil, sob o comando do governador Jerônimo Rodrigues (PT).
A escalada da violência ocorre no momento em que a Bahia figura entre os estados mais violentos do país. Um dos quesitos é justamente a letalidade policial. Em 2022, foram 1.464 óbitos decorrentes de intervenções oficiais, índice que corresponde a 22,7% do total do Brasil, segundo dados do Fórum Brasileiro da Segurança Pública (FBSP).
Em relação aos homicídios, o estado computou 5.044 ocorrências, o equivalente a 82,6% dos assassinatos do Rio de Janeiro e São Paulo juntos.
Das vinte cidades com maiores índices de crimes, onze se encontram na Bahia. O município campeão é Jequié, cuja taxa de homicídios é de 88,8 a cada 100.000 habitantes. Na sequência vêm Santo Antônio de Jesus, Simões Filho e Camaçari, todas no mesmo estado. “A migração de quadrilhas do Sudeste para a Bahia, juntamente com a insistência em uma lógica de confrontos, com uma polícia mais letal, ajuda a explicar o aumento da violência. Salvador, por exemplo, possui oito facções criminosas que estão cada vez mais bem armadas”, afirma Eduardo Ribeiro, coordenador da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia.
Enquanto a Bahia vê sua violência explodir, a taxa de encarceramento de presos é a menor do país: 121,1 detentos para cada 100.000 habitantes, ante 409,9 da média nacional. “A captura de presos é menor porque o estado mata mais”, afirma Eduardo Ribeiro.
Procurado, o governo da Bahia não quis se pronunciar.