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Por José Benedito da Silva
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Terapeuta espiritual é acusado de crimes sexuais por 16 mulheres em SP

Em Socorro, no interior do estado, Jessey Monteiro está preso desde janeiro e responde por estupro, violação sexual mediante fraude e importunação sexual

Por Isabella Alonso Panho Atualizado em 7 fev 2024, 11h17 - Publicado em 7 fev 2024, 08h29

Na cidade de Socorro, a pouco mais de 150 quilômetros da capital paulista, um homem de 49 anos é acusado de usar da fé e da espiritualidade para estuprar e cometer outros tipos de violências sexuais contra pelo menos dezesseis mulheres. Jessey Maldonado Monteiro, chefe do setor de radiologia do hospital da cidade de Socorro, usava a credencial de massoterapeuta e líder espiritual “vindo da quinta dimensão” para vender massagens, sessões de ozonioterapia e regressão, que prometiam tratar doenças, problemas emocionais e crises no casamento. 

Preso desde o dia 15 de janeiro nas dependências do hospital, Monteiro foi colocado no banco dos réus no último dia 26 por meio de uma denúncia do Ministério Público. O promotor do caso, Rafael Briozo, pediu a condenação do massoterapeuta pelos crimes de estupro, violação sexual mediante fraude e importunação sexual. As penas máximas chegam a 136 anos. Ele é réu primário e nunca foi alvo de quaisquer acusações. |Monteiro é casado, conhecido em Socorro e usufruía da confiança de boa parte dos pouco mais de 41 mil moradores da cidade, onde vive há mais de vinte anos.

Parte das dezesseis das supostas vítimas chegou a Monteiro por indicação de um centro de umbanda que ele frequentava. Lá, as mulheres afirmam que ele tinha um status de pessoa “espiritualmente elevada” e era avalizado pela mãe de santo do terreiro, que também era sua cliente – mas não vítima. O espaço, no entanto, era apenas uma ponte: os atendimentos aconteciam dentro de um consultório que Monteiro tinha dentro da própria casa. 

Modus operandi 

O método que o massoterapeuta é acusado de usar lembra um dos casos mais chocantes de manipulação da fé, o do líder João de Deus. Segundo as denúncias, Monteiro convencia as vítimas de que elas precisavam tirar toda a roupa e permitir gestos invasivos para que os tratamentos fossem eficazes. De acordo com os relatos das vítimas, o massoterapeuta pedia que elas retirassem o sutiã, usassem calcinhas descartáveis e permitissem contatos íntimos. Além dos casos em que ele é acusado de ter praticado conjunção carnal, ele introduzia os dedos e objetos nas partes íntimas das mulheres. Algumas vítimas afirmam que ele passava o próprio órgão genital nelas durante os atendimentos. 

Monteiro é quem decidia que tratamentos deveriam ser feitos em cada caso. “Uma mulher, que fez quiropraxia, foi ao banheiro no meio da sessão e viu que saía muito óleo das partes íntimas dela. Ele convencia as mulheres a tirarem o sutiã, dizendo que, caso contrário, ‘a massagem não era completa’”, diz a advogada Jessica Toledo, presidente da Comissão de combate e prevenção à violência contra Mulher da OAB de Socorro. Há três meses, algumas vítimas do massoterapeuta a procuraram em busca de orientação jurídica e foram levadas à delegacia pela advogada. Para a reportagem de VEJA, ela disse que, além das dezesseis das supostas vítimas que estão na denúncia, mais dez mulheres a procuraram, mas não quiseram denunciar. “Ele (Monteiro) se vendia como um homem muito poderoso. Elas ficavam sem reação”, diz Toledo

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Apreensões e perícia 

No dia da prisão, a Polícia Civil apreendeu na casa do massoterapeuta duas armas, uma legalizada e outra não, grandes quantidades de lubrificante íntimo, brinquedos eróticos e uma cueca samba canção, traje que ele usava durante as sessões, de acordo com as vítimas. Elas afirmam que, logo que chegavam para o atendimento, tinham que beber uma água que, segundo Monteiro, era “energizada”. A Polícia não encontrou na casa dele quaisquer entorpecentes ou medicamentos que pudessem dopar as vítimas, mas encaminhou parte do material apreendido para perícia. A hipótese não está descartada. 

Nem todos os crimes aconteceram no consultório da casa do massoterapeuta. Uma das vítimas teria sido violentada dentro do hospital, enquanto fazia um exame de raio-x acompanhada da mãe. Na época, ela estava com dezessete anos. Uma ex-estagiária do hospital também acusa Monteiro. Os crimes da denúncia apresentada pelo Ministério Público aconteceram entre 2015 e 2023. 

Defesa nega acusações 

Diante da delegada que cuida do caso, o massoterapeuta decidiu ficar em silêncio. O advogado dele, Ricardo Rafael Pires de Oliveira, afirma que seu cliente nega todas as acusações e que a prisão é ilegal. Ele tenta revertê-la no Tribunal de Justiça de São Paulo, onde aguarda o julgamento de um habeas corpus. Segundo o advogado, o massoterapeuta nunca teve título ou cargo religioso. 

A iniciativa de denunciar Monteiro partiu de uma mulher que passou pelo seu atendimento e, na dúvida sobre os procedimentos usados, decidiu conversar com outras frequentadoras do centro de umbanda. Nesse primeiro momento, ela encontrou mais cinco mulheres que teriam sofrido violências por parte do massoterapeuta. Juntas, elas procuraram Jessica Toledo e reuniram forças para denunciar. “Muitas ainda estão se questionando sobre o que aconteceu”, disse a advogada a VEJA.

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