Tasso quer união com MDB e diz que cabeça de chapa não precisa ser do PSDB
Senador participou de reunião da cúpula tucana que discute impasse em torno da pré-candidatura do ex-governador João Doria à Presidência
O senador Tasso Jereissati (CE) afirmou, após deixar reunião da direção nacional do PSDB em Brasília nesta terça-feira, 17, que o partido já decidiu que a aliança com o MDB para a disputa presidencial será mantida, embora não esteja definido o formato em que ela ocorrerá — ou seja, quem será o cabeça de chapa da candidatura da chamada terceira via.
Questionado de o PSDB vai apoiar a senadora Simone Tebet (MS) como cabeça de chapa, Tasso respondeu que “quem quer apoio também tem que ter disposição de apoiar”. Em seguida, declarou, contudo, que não necessariamente o PSDB tenha que ter o candidato a presidente. “Defendo que a gente tenha uma candidatura única (dos dois partidos), o menor número de candidatos possível de terceira via. Mesmo que não seja do PSDB”, afirmou. Questionado sobre uma eventual chapa com ele e Tebet, como tem sido aventado nos bastidores tucanos, o senador disse que nunca discutiu isso com ninguém.
O ponto central da discórdia é a pré-candidatura de João Doria pelo PSDB à Presidência. Vencedor das prévias do partido em novembro passado, o ex-governador de São Paulo enfrenta resistência considerável dentro do partido, que tenta tirá-lo da disputa. Na reunião desta terça, a cúpula tucana discute uma proposta do deputado Aécio Neves (MG) para convidar Doria para uma conversa com seus correligionários para que ele próprio ouça das lideranças regionais que a sua candidatura à Presidência atrapalha o partido nos estados. “Ele (Doria) terá duas alternativas: o gesto de grandeza política de desistir de sua candidatura ou permanecer nesse enfrentamento”, disse Aécio.
Segundo o deputado, a ideia é convidar Doria para essa conversa já nesta quarta-feira, 18. “O que se espera é que, se candidatura se mostra inviável, o próprio candidato possa fazer uma reavaliação e permitir ao PSDB continuar apresentando ao Brasil um projeto. Continua-se conversando com o MDB, não se avança em entendimento sobre pesquisa (para a definição do nome), nada disso”, afirmou.
Segundo relato de um dos presentes, houve uma avaliação unânime de que a carta divulgada por Doria no final de semana na qual acusa a direção do partido de “golpe” ao tentar impedir a sua candidatura foi um erro político do ex-governador de São Paulo.
O deputado Carlos Sampaio (SP) acrescentou que a carta também foi um erro jurídico, pois o entendimento é que nada se sobrepõe à convenção partidária, que ainda será realizada. Os tucanos de São Paulo pediram que a reunião com Doria seja postergada — não ocorra amanhã, mas em alguns dias — e isso está em discussão. Cesar Gontijo, membro da direção nacional do PSDB, fez um apelo para que o partido desse 45 dias de prazo para Doria, antes de tomar qualquer decisão, mas a ideia não prosperou.
Doria, que renunciou ao governo de São Paulo em abril com esse objetivo, já sinalizou que irá à Justiça se a direção do partido mudar de ideia.