Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Maquiavel

Por José Benedito da Silva
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Adriana Ferraz. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Sucessão no STF: quem está cotado para o lugar de Rosa Weber

Ministra deixará a Corte até o dia 2 de outubro, quando completará 75 anos. Políticos e juristas estão no páreo, que tem pressão por indicação feminina

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 Maio 2024, 00h22 - Publicado em 10 jul 2023, 12h54

Depois de quase doze anos no Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Rosa Weber vai deixar a Corte nos próximos meses. Ela tem até o dia 2 de outubro para se aposentar, data em que completa 75 anos, idade limite para o exercício do cargo. Até que Rosa esteja próxima de deixar a cadeira, as opções de nomes para lhe suceder devem se afunilar, mas, até o momento, o cardápio analisado pelo presidente Lula é variado. A lista inclui políticos graúdos, juristas remanescentes da corrida pela vaga anterior e pressões da esquerda sobre Lula para que a cadeira da ministra seja mantida com uma mulher.

Entre os que voltaram à bolsa de apostas estão os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luís Felipe Salomão e do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas. Os dois têm como principais apoiadores os ministros do STF Gilmar Mendes, no caso de Dantas, e Alexandre de Moraes, no de Salomão.

A disputa entre dois dos nomes mais influentes da Corte abre espaço para nomes alternativos e que agradem a ambos, como o ministro da Justiça, Flávio Dino, que se aproximou de Gilmar e Moraes, inclusive em articulações pela indicação de Paulo Gonet como próximo procurador-geral da República, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Apesar de articulações de aliados como o senador Davi Alcolumbre (União-AP), no entanto, interlocutores do mineiro têm recebido dele indicações menos impetuosas em relação à campanha ao STF.

Aliados de Lula também veem como possível indicado o ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, nome palatável a diferentes alas do PT, mas não só. “Ele é o nosso terrivelmente evangélico”, brinca um aliado de Lula, citando a religião de Messias e parafraseando Bolsonaro sobre as credenciais que o levaram a indicar André Mendonça, também ex-AGU, ao STF.

Diante da aposentadoria de uma das únicas duas mulheres no plenário do Supremo, apenas a terceira a chegar à Corte na história, setores mais à esquerda têm pressionado para que a vaga de Rosa Weber não seja destinada a um homem, mas a uma mulher, preferencialmente negra. A tese tem defensores abertos dentro do governo. Na semana passada, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, disse em entrevista ao portal Metrópoles que Lula consideraria o gênero no momento de fazer a indicação e teria a “sensibilidade” de não reduzir a representatividade feminina no STF. Por outro lado, aliados do presidente chamam a atenção para a discrição da primeira-dama, Janja, cuja influência sobre o marido em temas como diversidade e inclusão é grande, no debate sobre o assunto.

Continua após a publicidade

Na lista de mulheres à sucessão de Rosa, chegaram aos ouvidos do presidente, levados por aliados, nomes como os da jurista Vera Lúcia Araújo e da juíza federal Adriana Cruz, ambas negras, a ministra do STJ Regina Helena Costa, a desembargadora federal Simone Schreiber, conhecida pelos embates com a Lava-Jato carioca no TRF2, e as advogadas Dora Cavalcanti e Flávia Rahal, ambas ligadas ao grupo Prerrogativas, que reúne juristas alinhados a Lula.

Interlocutores do presidente no meio jurídico e no governo, no entanto, relatam que a questão de gênero não tem sido, ao menos até o momento, âncora preponderante nas sinalizações que o presidente tem dado sobre o tema. Entre estas fontes, há interpretações diversas a respeito de como o petista deve conduzir a sucessão da ministra do STF. Uma ala entende que, diante das incertezas sobre se o ministro Luís Roberto Barroso de fato antecipará ou não sua aposentadoria da Corte, como se especula, o petista teria na cadeira de Rosa a segunda e última indicação neste mandato. Assim, esses aliados avaliam que Lula, novamente, escolherá alguém que seja da sua confiança, a quem ele possa telefonar e lhe seja acessível, mas, sobretudo, mostre-se imune a futuras guinadas conservadoras à direita. Eventuais gestos políticos, diz essa ala, poderiam ficar para a escolha do procurador-geral da República, em setembro, e às cadeiras do TSE – no fim de junho, o petista nomeou a primeira ministra negra à Corte eleitoral, a advogada Edilene Lôbo. “O governo percebeu a importância dessas duas vagas, ainda mais sendo a de Rosa a última em potencial. O desequilíbrio que um só ministro pode causar é muito grande”, diz uma fonte próxima ao ministro da Justiça, Flávio Dino.

O entendimento de que Lula não vai titubear em indicar um novo ministro que lhe seja “confiável” não raro é justificado por seus aliados a partir de desilusões e arrependimentos dele e do PT com escolhas feitas pelos governos do partido ao STF, entre 2003 e 2015. Cármen Lúcia, indicada por Lula, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Edson Fachin, nomeados por Dilma Rousseff, são frequentemente lembrados por petistas como decepções, sobretudo diante de posições alinhadas à Operação Lava-Jato. Ex-advogado do PT e ex-advogado-Geral da União do governo Lula, Dias Toffoli também costuma ser criticado por decisões contrárias ao partido e ao presidente, embora tenha empreendido um rápido movimento de reaproximação com o petismo e Lula desde o ano passado. Em um dos lances mais recentes, o ministro admitiu de viva voz, em um julgamento no plenário do STF, que votou pela condenação do ex-presidente do PT e ex-deputado federal José Genoíno no julgamento do mensalão mesmo considerando-o inocente. A decisão, justificou Toffoli, deu-se para que pudesse participar da etapa do julgamento que definiria as penas dos acusados – só os ministros que votassem por condenações poderiam fazê-lo.

Por outro lado, há entre os aliados de Lula quem entenda que, depois de gastar o cartucho da “cota pessoal” com Cristiano Zanin, o presidente deva se voltar à escolha para o posto de alguém com notório e notável saber jurídico – Zanin recebeu muitas críticas por não ter mestrado, doutorado e uma produção acadêmica pujante. Os que fazem essa leitura veem a necessidade de haver um reequilíbrio na Corte diante não só da escolha do ex-advogado de Lula, mas também das indicações por Bolsonaro do “terrivelmente evangélico” André Mendonça e de Kassio Nunes Marques, cuja lista de padrinhos incluiu próceres do Centrão. “O presidente vai precisar dialogar um pouco com a liturgia. Com as últimas indicações, é como se o STF estivesse precisando de uma ‘reacreditação’”, diz um aliado.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.