Sob pressão, Bolsonaro vai a Goiás para receber título de cidadão
Ex-presidente será homenageado nesta sexta-feira pela Assembleia Legislativa por 'serviços relevantes ao Brasil'
O ex-presidente Jair Bolsonaro vai receber nesta sexta-feira, 18, o título de cidadão goiano na Assembleia Legislativa do Estado. A homenagem ocorre horas depois de VEJA revelar que o ex-ajudante de ordens da Presidência, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, vai confessar que vendeu as joias e apontar o ex-chefe como mandante.
A entrega do título foi sugerida pelo ex-deputado estadual e delegado Humberto Teófilo (PSC) em 2019, com a justificativa de que Bolsonaro “prestou serviços relevantes ao Brasil e à democracia, defendeu os direitos de militares, lutou contra a erotização infantil nas escolas, pela redução da maioridade penal, pela posse da arma de fogo para o cidadão de bem, pela segurança jurídica na atuação policial, pelos valores cristãos e a família tradicional”.
A solenidade será realizada nesta sexta-feira, após pedido do deputado Fred Rodrigues (DC). Um telão será colocado do lado de fora da Assembleia para que o público possa acompanhar. “O presidente Bolsonaro foi explícito que ele quer o máximo de pessoas possível aqui. O presidente não tem nenhuma intenção de se esconder do povo”, disse.
Bolsonaro já está em Goiás, posou para fotos com apoiadores em Abadiânia, seguiu para uma consulta odontológica e tem encontros marcados com empresários e políticos da região. A sessão na Assembleia está marcada para as 19h30.
Como mostrou a reportagem de capa de VEJA, a situação do ex-presidente se complica cada vez mais. Segundo o advogado de Mauro Cid, Cezar Bitencourt, o tenente-coronel vai confirmar que participou da venda das joias nos Estados Unidos, recebidas de presente por Bolsonaro, providenciou a transferência para o Brasil do dinheiro arrecadado e o entregou ao então chefe — em espécie, para não deixar rastro. Ele ainda vai dizer às autoridades que fez tudo isso cumprindo ordens diretas do então presidente da República, que seria o mandante do esquema. Na noite desta quinta-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou a quebra de sigilo bancário e fiscal de Bolsonaro e Cid.