Qual é o plano de Jair Bolsonaro para Michelle na política
Ex-presidente traça com cuidado os próximos passos da ex-primeira-dama
Impedido de disputar eleições até 2030, Jair Bolsonaro já tem planos para o futuro político de Michelle Bolsonaro. A ideia é que a ex-primeira-dama concorra ao Senado pelo Paraná, caso seja confirmada a cassação do senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
Segundo interlocutores, o ex-presidente avalia que a esposa teria grandes chances de vencer a disputa. Sondagem de outubro do ano passado do Paraná Pesquisas mostra Michelle como favorita na corrida à eventual vaga, com 35,7% das intenções de voto, à frente do ex-senador Álvaro Dias (Podemos) e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
O lançamento do nome da ex-primeira-dama, no entanto, poderá criar um problema interno no PL, partido de Bolsonaro. Isso porque um dos postulantes à vaga é o ex-deputado federal Paulo Eduardo Martins (PL). Por ter ficado logo atrás de Moro nas últimas eleições, ele herdaria a vaga até que uma nova eleição ocorresse. No ano passado, Martins declarou a VEJA que sua candidatura à possível vaga seria “natural”. “Não tem como eu estar no mandato e dizer que não vou concorrer”, afirmou.
O processo que apura abuso de poder econômico e outras irregularidades durante a campanha de 2022 de Sergio Moro tem caminhado a passos largos no Paraná. No início de fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu o nome que faltava para completar o quadro do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), que estava com um integrante a menos após a aposentadoria de um magistrado. Pelo regimento da Corte, a análise de casos como o de Moro, que podem provocar a perda do mandato, exigem que todos os magistrados titulares estejam presentes. O julgamento ainda não foi marcado.
Processo
Moro responde a duas ações de investigação judicial eleitoral propostas pelo PL de Bolsonaro e pela Coligação Brasil da Esperança, do PT. É o mesmo tipo de processo que deixou o ex-presidente inelegível por oito anos. Nesses casos do TRE-PR, o senador é acusado de abuso do poder econômico por, em 2022, ter supostamente feito campanha antecipada a favor da sua pré-candidatura à presidência pelo Podemos. O Ministério Público deu um parecer em dezembro opinando pela condenação do ex-juiz da Lava Jato, o que potencializa as chances de um julgamento desfavorável para ele no Paraná. Se perder as ações, Moro ainda poderá recorrer ao TSE, enquanto continua exercendo o mandato de senador.