Em pronunciamentos que tem feito nos últimos meses dentro de sua campanha para retornar ao Palácio do Planalto, o ex-presidente Lula tem pregado como “soluções” à crise do país recuos preocupantes na economia, como o fim do teto de gastos, aumento da presença do estado e revisão de privatizações. Outro alvo bastante provável é o atual regime do Banco Central. Ao comentar a recente aprovação do projeto de lei pela Câmara dos Deputados que garantiu a autonomia do BC, Lula declarou que a proposta “entrega” a administração do banco ao sistema financeiro e, mais do que isso, “desmonta” tudo o que foi construído no país nos últimos anos.
Mais recentemente, em encontros com empresários, um dos principais conselheiros econômicos de Lula, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), reforçou a convicção de que a autonomia do BC está na mira do PT para 2002. Nesses encontros, Haddad repetiu críticas feitas por Lula à nova lei, sancionada em março pelo presidente Jair Bolsonaro, por meio da garantia de um mandato ao presidente da instituição. A VEJA, o ex-prefeito disse que o titular do cargo deve ter independência para tomar decisões sobre a política monetária, mas que ele pode ser demitido pelo presidente da República caso seja vontade do mandatário.”O país não pode correr o risco de escolher mal o presidente do Banco Central e ter de conviver com isso por quatro anos. O que defendo é o modelo de independência que existia no governo Lula”, afirmou.
Haddad afirmou que essa é sua posição pessoal e que ainda não debateu o tema com o ex-presidente. Mas o PT critica há tempos a proposta de autonomia da instituição financeira e chegou a ir ao STF contra a nova legislação — a ação foi derrotada por 8 votos a 2. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi nomeado para o cargo segundo as novas regra em abril, e tem mandato até 31 de dezembro de 2024.