Presidente da Funai pede para ser investigado pela PF
Marcelo Xavier, que é delegado federal de carreira, envia pedido de abertura de inquérito um dia após divulgação de conversa com coordenador preso
O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Augusto Xavier, anunciou que enviou nesta sexta-feira, 26, um ofício à Polícia Federal exigindo a abertura de um inquérito contra ele próprio, por seu suposto envolvimento no arrendamento ilegal na terra indígena Marãiwatsédé, no norte de Mato Grosso. O pedido ocorre um dia após a divulgação de uma gravação entre Xavier e um coordenador regional da Funai em Ribeirão Cascalheira que foi preso sob acusação de coordenar os arrendamentos e receber propina de fazendeiros.
Na gravação, o presidente da Funai diz ao coordenador, Jussielson Gonçalves Silva, que ele deveria ficar tranquilo em relação a um pedido de informações da PF que foi feito em fevereiro deste ano, semanas antes da deflagração de uma operação que prendeu Jussielson. Xavier diz que conversaria com corregedores da corporação sobre o caso, e garantiu que o subordinado tinha “sustentação” da presidência do órgão.
Segundo a Funai, Xavier também pediu que, caso a PF opte por não abrir uma investigação, apresente uma justificativa plausível para deixar de fazê-lo “sob pena de prevaricação”. A fundação critica a cobertura de reportagens sobre o caso. “Foram veiculados áudios descontextualizados e documentos técnicos, produzidos pelo Departamento de Polícia Federal, com imputações e afirmações de cunho subjetivo, bastante graves e incabíveis, notadamente por não representar a realidade do conjunto interpretado”, diz a Funai, em nota oficial. “São ficções, baseada em ilações, conjecturas e elucubrações que estão dissociadas do dever de veracidade, com juízo valorativo e descrição sobre o potencial envolvimento do presidente da Funai em atividade ilegal, o que, além de leviano, causou danos morais e materiais aos gestores e à própria fundação.”
A nota também sugere que os próprios documentos enviados pela PF à Justiça Federal teriam sido utilizados de forma descontextualizada no processo, com a intenção de provocar repercussão midiática. “Curiosamente, houve o esquecimento do dever de análise do conjunto probatório, o qual, inclusive, foi objeto de posterior avaliação pelo Ministério Público Federal, ocasião em que foram refutadas as afirmações de cunho subjetivo, mas, evidentemente, tiveram o potencial de causar dano”, diz a Funai.