As CPIs da Pandemia e das Fake News, com seu imenso potencial de chamuscar o governo, podem acabar dando combustível a uma investigação contra bolsonaristas no Supremo Tribunal Federal (STF). A Polícia Federal quer que o ministro Alexandre de Moraes, relator de um inquérito que apura a existência de uma organização criminosa que atua contra a democracia, peça às comissões parlamentares o compartilhamento de dados sigilosos coletados por ambas.
A CPI da Pandemia voltou às atividades no Senado nesta terça-feira, 3, enquanto a comissão mista das Fake News está paralisada desde o começo da crise sanitária do coronavírus.
Da comissão que investiga a condução da pandemia, a delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, responsável pela investigação, está de olho nas quebras de sigilo de integrantes do chamado “gabinete do ódio” – estrutura montada no Palácio do Planalto com assessores para gerenciar perfis nas redes sociais e disseminar ataques a rivais do presidente Jair Bolsonaro.
Denisse citou a Moraes interesse pelas quebras de sigilo dos assessores presidenciais Tercio Arnaud Tomaz, José Matheus Salles Gomes, Mateus Matos Diniz, além do assessor do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) Carlos Eduardo Guimarães e o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.
Na comissão com deputados e senadores que investiga a disseminação de notícias falsas, a PF pretende examinar oito documentos. Estão na lista informações sobre contas banidas pelo WhatsApp, documentos entregues pelos deputados Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP) à CPI, além de dados telefônicos de Frota e uma denúncia feita pelo deputado Nereu Crispim (PSL-RS), ex-bolsonarista, sobre um grupo criminoso que coordenaria uma milícia digital com mais de 40 páginas e perfis nas redes sociais.
O inquérito em curso no STF, aberto a partir da investigação sobre os atos antidemocráticos, apura a existência de uma organização criminosa de bolsonaristas que atuam no ambiente digital “com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito.” Moraes determinou que ele mesmo fosse relator da apuração, já que é o responsável por outra apuração conexa em andamento na Corte, o chamado “inquérito das fake news”.