Os dois próximos na fila da delação da “máfia das apostas”
Ex-jogadores de Atlético-PR e Coritiba fizeram acordo com MP de Goiás
O Ministério Público de Goiás fechou um acordo de não persecução penal com mais dois jogadores investigados na “máfia das apostas”. Bryan Garcia, ex-Athletico-PR, e Diego Porfírio, ex-Coritiba (atualmente no Guarani-SP), prestaram depoimento aos promotores, confessaram suas participações e se comprometeram a pagar uma multa para escapar de punições criminais.
Com a dupla, chega a sete o número de atletas que contaram ao MP como atuavam os aliciadores e financiadores da empreitada criminosa (eles poderão ser convocados novamente para falar tudo o que sabem). O último havia sido Nino Paraíba, atualmente sem clube depois que foi dispensado pelo América-MG.
No caso de Bryan, que recebeu 70.000 reais para levar um cartão amarelo no jogo entre Athetico e Fluminense, ocorrido em setembro do ano passado, ele aceitou pagar 80.000 reais à vista. O valor será destinado ao Conselho Comunitário de Segurança e Defesa Social de Goiânia.
Para Porfírio, cuja propina foi de 50.000 reais, paga após um cartão amarelo na partida entre Coritiba e América-MG, em 3 de setembro de 2022, o MP propôs uma multa de 52.828,00, parcelada em doze vezes de pouco mais de 4.400 reais.
Agora o acordo precisa passar pelo crivo da Justiça, que pode aceitar, rejeitar ou pedir mais informações sobre cada um dos casos.
Veja os jogos da Série A sob investigação:
- Palmeiras x Juventude
- Juventude x Fortaleza
- Goiás x Juventude
- Ceará x Cuiabá
- Red Bull Bragantino x América (MG)
- Santos x Avaí
- Botafogo x Santos
- Palmeiras x Cuiabá
- Flamengo x Ceará
- Ceará x São Paulo
O caso:
Em março passado, o Ministério Público de Goiás ofereceu uma nova denúncia contra uma quadrilha que manipulava jogos de futebol para obter ganhos financeiros em sites de apostas esportivas. Além do homem apontado como líder do bando, Bruno Lopez, o BL, outras dezesseis pessoas estão na mira dos promotores e se tornaram rés.
Na nova denúncia, feita com base em análises de conversas em grupos de aplicativos de mensagens, após apreensão de equipamentos e perícias, os promotores conseguiram mapear a atuação de todos os atores nos respectivos jogos. Os pagamentos variavam e se referiam a atitudes como cartões amarelos e vermelhos, além do cometimento de pênaltis.
Na ocasião, VEJA mostrou com exclusividade as conversas do jogador Eduardo Bauermann, do Santos, entre outras que envolveram a quadrilha.
Em novembro do ano passado, Bauermann foi chamado no WhatsApp por um dos integrantes do bando. A oferta: levar cartão amarelo no jogo contra o Avaí. Como “entrada”, o jogador recebeu 50.000 reais. No entanto, não houve a punição de advertência, o que deixou a quadrilha apreensiva e gerou as primeiras ameaças.
No jogo seguinte, como forma de recuperar a credibilidade junto à organização criminosa, segundo os investigadores, Bauermann aceitou a segunda proposta: contra o Botafogo, ele deveria ser expulso. De fato ele levou cartão vermelho, mas depois que o juiz apitou o final da partida. A segunda “pisada na bola” rendeu uma ampla discussão entre as partes.