Operação em SP mira núcleo do PCC que movimentou bilhões de reais
Ação foi desencadeada pelo MP e pela Polícia Militar a partir de investigações feitas com o cruzamento de dados dos principais escalões da facção criminosa
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo (Gaeco-MPSP) e a Polícia Militar deflagraram na manhã desta terça-feira, 12, a segunda fase da Operação Sharks, que mira o núcleo financeiro comandado por Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, e Odair Lopes Mazzi Júnior, o Dezinho, apontados como figuras que exercem ou exerceram posição de liderança na facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Estão sendo cumpridos três mandados de prisão e 24 de busca e apreensão em endereços ligados à quadrilha. Os investigadores identificaram operações para aquisição de empresas e aluguel de imóveis em nome de laranjas com o intuito de reinserir os recursos obtidos por meio principalmente do tráfico de drogas no mercado formal.
A Operação Sharks teve início em setembro de 2020, a partir de investigações conduzidas com o cruzamento de dados, mirando integrantes dos principais escalões da organização. As provas colhidas revelaram que a cúpula da facção comanda movimentação de mais de 100 milhões de reais anualmente, principalmente por meio do tráfico de drogas e da arrecadação de valores de seus integrantes. O processo de lavagem se dava, segundo o MP, por meio de aquisição de clínicas, chácaras, drogarias, oficinas e salas comerciais.
Dezinho foi localizado em julho deste ano em um resort de luxo em uma praia de Pernambuco. No momento de sua prisão, ele era considerado um dos principais braços direitos de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como o principal chefe da facção. De acordo com investigadores, Dezinho era responsável por movimentar grandes quantidades de droga na Baixada Santista e ascendeu na facção após enviar 1,2 bilhão de reais para o Paraguai por meio de operações conhecidas como dólar-cabo.
Já Tuta tem paradeiro desconhecido desde 2022. Até então ele era considerado o principal nome da facção nas ruas. Em abril daquele ano, no entanto, o PCC divulgou um “salve geral” (comunicado) informando a expulsão de Tuta por “má condução” e “falta de responsabilidade” por ter ordenado mortes sem autorização do comando e porque um de seus comandados teria desviado 35 milhões de reais da facção. Tuta é investigado em São Paulo por suspeita de movimentação de mais de 1 bilhão de reais oriundos do tráfico de drogas. Investigadores suspeitam de que ele esteja na Bolívia utilizando passaporte espanhol com nome falso.