Favorito na corrida ao Senado por Alagoas em 2022, o governador Renan Filho (MDB) tem pela frente um complicado xadrez eleitoral em 2022 para fazer valer o desejo de boa parte do MDB e de seu próprio pai, o senador Renan Calheiros, de vê-lo em Brasília na próxima legislatura.
Bem avaliado, Renan Filho chegará ao fim de seu segundo mandato em uma situação “sui generis”: se resolver disputar o Senado, terá de deixar o cargo no início de abril do ano que vem sem um vice para assumir no seu lugar, já que Luciano Barbosa, que seria seu sucessor natural, elegeu-se prefeito de Arapiraca (segundo maior município do estado) em 2020.
Não se trata de uma decisão trivial para Renan Filho. No atual cenário, caso ele decida disputar o Senado, o primeiro na linha de sucessão é o presidente da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Marcelo Victor (Solidariedade), hoje próximo a Arthur Lira, um dos principais antagonistas de Renan Calheiros no Congresso Nacional em relação ao governo federal — enquanto Renan projetou-se à oposição ao presidente Jair Bolsonaro na relatoria da CPI da Pandemia, Lira toca a agenda de interesse do Palácio do Planalto no comando da Câmara dos Deputados.
“É uma decisão complexa. Tenho boas chances ao Senado, mas é preciso organizar a eleição ao governo e construir um projeto viável que mantenha as conquistas”, afirma, deixando em aberto a hipótese de concluir seu mandato e apoiar outros nomes para senador e para o governo estadual. Reportagem de VEJA desta semana mostra como a situação embaralha a eleição para o governo e coloca em rota de colisão pesos-pesados da política nacional.
Caso Renan Filho renuncie, o comando de Marcelo Victor seria transitório, já que a Constituição do estado prevê trinta dias para realizar eleição indireta pelos deputados estaduais de um governador para cumprir um mandato-tampão até dezembro de 2022.