O anúncio da composição final dos ministérios do futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quinta-feira, 29, deixou de fora uma importante aliada. A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, não ocupará, por ora, nenhum cargo na Esplanada, mas já recebeu de Lula uma urgente incumbência.
O presidente eleito declarou que tanto Jaques Wagner (PT-BA), que recebeu a liderança do governo no Senado, quanto Gleisi, terão funções estratégicas no futuro governo, sobretudo de articulação política. Lula sabe que terá dificuldades para aprovar medidas no Congresso e tenta ampliar a sua base com a destinação de ministérios a aliados do MDB, do PSD e do União Brasil.
“O Wagner, eu precisava dele no Senado, e a Gleisi, o partido precisa dela livre e solta para dirigir esse partido, que é o partido de esquerda mais importante da América Latina, o partido possivelmente mais democrático. E ela tem que trabalhar muito para costurar várias tendências que o nosso partido tem, e não é fácil. Mas ela faz isso com muita competência, e o papel que ela está exercendo hoje é tão ou mais importante do que qualquer outro cargo que possa ter no governo”, disse Lula.
Com influência crescente no partido que viveu períodos de turbulência nos últimos anos — desde a deflagração da Operação Lava Jato até a chegada ao poder de Jair Bolsonaro, passando pelo impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Lula –, Gleisi teve papel ativo na direção da legenda e na eleição de Lula, sendo cotada para sua sucessão em 2026.
Segundo interlocutores petistas, a presidente nacional do partido manifestou a Lula o desejo de chefiar uma pasta já no início do governo. O petista, no entanto, argumentou que a saída de Gleisi do comando da legenda em um momento em que o governo ainda está se firmando poderia dar início a uma disputa interna de poder. Ainda de acordo com aliados, a ideia é que Gleisi ganhe um importante cargo ministerial no final de 2023, quando deixará a presidência do PT.