O difícil sonho de Lula nas eleições estaduais
Desejo do PT é reproduzir nos estados a polarização da eleição federal, mas há enormes desafios para isso se concretizar em São Paulo, Rio e Minas
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta costurar nos estados palanques que deem sustentação ao seu projeto de derrotar Jair Bolsonaro (PL) e voltar ao Palácio do Planalto para exercer um terceiro mandato.
Dentro dessa lógica, o ex-presidente vem descartando candidaturas do PT com poucas chances de vencer em estados considerados estratégicos, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, respectivamente o segundo e o terceiro maior colégio eleitoral do país.
E, de preferência, reproduzir nesses estados a disputa polarizada que trava com Bolsonaro em nível nacional. Mas isso não tem sido fácil – e em alguns estados, aparentemente impossível.
Em São Paulo, por exemplo, é quase certo que ele não conseguirá unificar nem os palanques de esquerda, já que o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e o ex-governador Márcio França (PSB) devem manter as suas candidaturas.
Além do candidato bolsonarista, o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), ele terá outro palanque adversário forte, o do governador Rodrigo Garcia (PSDB) – que apoia a candidatura presidencial de João Doria (PSDB).
Em Minas Gerais, Lula já barrou qualquer tentativa de candidatura própria e se contenta em fechar um palanque com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), mas enfrenta a concorrência de outro presidenciável, Ciro Gomes (PDT), que também negocia. Pode ser que o petista tenha que dividir o palanque com o pedetista.
No Rio de Janeiro, Lula também barrou candidatura própria do PT para apoiar o deputado Marcelo Freixo (PSB) ao governo, mas ainda assim terá dificuldades. Além da candidatura do governador Claudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, deverá haver ainda uma candidatura apoiada por Ciro – talvez o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves – e outra apoiada pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) – possivelmente a do ex-presidente da OAB Felipe Santa Cruz.
O PT, aliás, tem por ora candidaturas ao governo garantidas apenas no Rio Grande do Norte – onde disputa a eleição com Fátima Bezerra –, no Piauí, no Acre e em São Paulo.