‘Não vou presidir Comissão de Meio Ambiente nem nenhuma outra’, diz Salles
Ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro e deputado em primeiro mandato afirmou a VEJA que a decisão não tem a ver com a gritaria da oposição
Cogitado para assumir a presidência da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, por onde passam os temas mais importantes da pauta ambiental do país, o ex-ministro e deputado federal novato Ricardo Salles (PL-SP) afirmou que não quer essa função no primeiro ano do mandato. “Não vou presidir a Comissão de Meio Ambiente nem nenhuma outra”, afirmou a VEJA nesta quarta, 8.
Alvejado por deputados da oposição nas redes sociais, que relembraram polêmicas do passado do ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL), Salles disse que não descarta participar do colegiado como integrante ou suplente, e anunciou que fará um mandato “de princípios”, representando a direita liberal (na economia) e conservadora (nos costumes).
Salles deixou o Ministério do Meio Ambiente do governo de Bolsonaro em junho de 2021, quando estava na mira do Supremo Tribunal Federal por supostamente atuar em favor de madeireiros e atrapalhar uma investigação da Polícia Federal. Ele chegou a ser alvo de um mandado de busca e apreensão em maio de 2021. Antes disso, já tinha ficado famoso por dizer que o governo deveria aproveitar a comoção gerada pela Covid-19 para “passar a boiada” e flexibilizar as normas ambientais. Leia a entrevista:
Houve uma gritaria por causa de uma eventual indicação do senhor para presidir a Comissão de Meio Ambiente. Não quero presidir comissão nenhuma neste primeiro ano. Como recém-eleito, em primeiro mandato, preciso aprender primeiro como é que as coisas funcionam. Acho que todo deputado de primeiro mandato, no primeiro ano, não deveria presidir comissão. Isso é decisão minha, não me sinto à vontade para fazer isso, não tem nada a ver com a gritaria dos outros. Não vou presidir a Comissão de Meio Ambiente nem nenhuma outra.
Por que então isso foi aventado? Foi uma cogitação do PL? Essa notícia saiu à revelia da minha opinião, eu não pedi isso. O partido acha, e com razão, que, se ele ficar com a Comissão de Meio Ambiente, o mais habilitado para presidi-la sou eu, obviamente pelo fato de eu ter sido ministro da pasta. Então, dos deputados do partido, quem mais conhece o assunto sou eu. Mas acho que nem sequer o Meio Ambiente será do PL. Na ideia inicial do acordo de líderes, essa comissão não fica com o PL.
O senhor pretende ser integrante dela, ainda que não a presida? Talvez, como integrante, suplente, dar minhas contribuições, está o.k. Mas presidir, não quero.
O senhor já tem algum projeto prioritário neste primeiro ano? Tenho a impressão de que vamos ter que defender muito a eficiência, a objetividade, o caráter de livre iniciativa dos projetos que forem aprovados no Congresso Nacional. O Brasil não pode, em qualquer assunto, internalizar essa visão anticapitalista, antiempreendedora, contra a livre iniciativa, que é algo que permeia a América Latina toda e está fazendo com que ela ande cada vez mais para trás. Essa é uma visão que permeia qualquer assunto: infraestrutura, meio ambiente, segurança pública.
Então o senhor fará um mandato ideológico? Um mandato de princípios, de posições. Não é uma pauta específica, mas uma visão liberal das questões econômicas e conservadora com relação a temas de comportamento. Politicamente, sempre fui um cara de direita, não tenho nenhuma dificuldade em firmar estas três palavras: direita liberal conservadora.