Lula, enfim, tem a adesão de um partido de centro – e pode ser o único
Apesar da sinalização de que deseja ampliar o leque de sua candidatura, com Geraldo Alckmin de vice, petista tinha até agora apenas apoio formal da esquerda
A pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem, enfim, um partido de centro formalmente na coligação que vai tentar levar o petista ao seu terceiro mandato na Presidência da República. O Solidariedade anunciou na manhã desta terça-feira, 3, em São Paulo, o seu apoio formal ao ex-presidente.
Apesar de ter convidado o ex-tucano Geraldo Alckmin para ser o seu candidato a vice e das sinalizações emitidas com frequência de que pretende construir uma ampla aliança em torno de sua candidatura, com apoios que vão além da esquerda, o petista tinha até agora apenas partidos de esquerda na sua coalizão: PT, PSB, PCdoB, PSOL, Rede e PV.
O Solidariedade nasceu oficialmente em 2013 e, desde então, apoiou formalmente as candidaturas presidenciais dos tucanos Aécio Neves, em 2014, e Alckmin, em 2018. Na atual gestão, chegou a ser considerado um dos partidos do chamado Centrão, o bloco que sustenta a administração Jair Bolsonaro (PL) no Congresso, mas se afastou do governo ao longo do mandato.
O partido é comandado por Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, um dos líderes da Força Sindical, a segunda maior central de sindicatos do país, que também embarcou na candidatura de Lula. Paulinho, no entanto, foi a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT).
O Solidariedade pode acabar se tornando o único partido de centro a aderir formalmente à candidatura de Lula. Outras legendas nas quais o petista tem aliados, como MDB e PSD, não devem embarcar oficialmente na coalizão do ex-presidente – ambos estão divididos entre bolsonaristas e simpatizantes de Lula e devem optar pela neutralidade (no caso do PSD) ou pela candidatura própria (no caso do MDB, com Simone Tebet).
Entre os demais partidos de centro, boa parte está com Bolsonaro (PL, PP, Republicanos e PTB). O PSDB e o Cidadania estão, por ora, com João Doria, enquanto o União Brasil deve lançar Luciano Bivar à Presidência, mas liberar os palanques nos estados. O Avante lançou o deputado federal André Janones (MG) ao Planalto, assim como o Novo fez com o cientista político Luiz Felipe d’Avila.
Da selva partidária brasileira restam, na faixa ideológica que vai do centro à direita, apenas o PSC, o Podemos, o Pros e o Patriota, mas nenhuma dessas siglas tem proximidade com o petista.
Assim, a ampla coalizão de Lula deve ficar por isso mesmo: a adesão em peso da esquerda, a aliança formal com o Solidariedade e um ex-tucano como vice na chapa, além de apoios isolados nos estados – como o dos senadores Renan Calheiros (MDB) em Alagoas, Omar Aziz (PSD) no Amazonas e Otto Alencar (PSD) na Bahia, além do ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) em Minas Gerais.