Justiça decide que advogado da família Bolsonaro não ameaçou jornalista
Repórter acionou a Justiça em 2021 depois de receber mensagem de Frederick Wassef com suposto teor de ameaça. Para juiz, advogado manifestou opinião
A Justiça de São Paulo considerou que uma mensagem enviada pelo advogado Frederick Wassef, ligado à família Bolsonaro, a uma jornalista não configurou ameaça, como ela havia alegado. Em decisão desta quinta-feira, 9, o juiz Fabio Coimbra Junqueira, da 6ª Vara Cível, atendeu parcialmente o pedido da jornalista para determinar que Wassef a indenize em 10 000 reais por ter feito, em uma troca de mensagens, insinuações sobre a vida privada dela. Mas, ao mesmo tempo, o juiz mandou a jornalista indenizar o advogado, também em 10 000 reais, por ela ter publicado a conversa, que se deu em caráter privado.
O caso se refere a uma mensagem enviada por Wassef, em julho de 2021, à jornalista do UOL Juliana Dal Piva, que fazia uma série de reportagens sobre as suspeitas de “rachadinha” envolvendo o presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus familiares na época em que ele era deputado. Para a jornalista, um trecho da mensagem do advogado configurou ameaça velada, quando ele disse: “Faça lá (na China) o que você faz aqui no seu trabalho, para ver o que o maravilhoso sistema político que você tanto ama faria com você. Lá na China você desapareceria e não iriam nem encontrar o seu corpo”. Para o juiz, no entanto, a mensagem foi uma mera expressão da opinião de Wassef em relação ao comunismo.
O magistrado condenou ambos a se indenizarem, mas determinou que a jornalista pague, a título de honorários de sucumbência, uma quantia maior à defesa de Wassef, devido à divulgação da mensagem que deveria ser privada. Dal Piva afirmou à Justiça que divulgou o texto, em uma matéria jornalística, justamente porque, em seu entendimento, ele tinha a finalidade de provocar temor a ela, de modo a cercear seu direito de liberdade de imprensa e liberdade de expressão. Cabe recurso da decisão.