Faltam seis meses para a eleição – relembre o cenário em 2010, 2014 e 2018
Nem sempre quem liderava em abril foi eleito ao final, mas vencedor tinha ao menos 17% nesta época do ano
O Brasil está a pouco menos de seis meses da eleição presidencial, cujo primeiro turno está marcado para o dia 2 de outubro. Segundo pesquisa Datafolha divulgada no último dia 24 de março, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida eleitoral com 43% das intenções de voto, seguido do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem 26%.
Depois, aparecem Sergio Moro (União Brasil), com 8%; Ciro Gomes (PDT), com 6%; João Doria (PSDB), com 2%; André Janones (Avante), com 2%; Simone Tebet (MDB), com 1%; Felipe d’Ávila (Novo), com 1%; Vera Lúcia (PSTU), com 1%; e Leonardo Péricles (UP), com zero.
A vantagem do petista parece grande, mas o quanto isso é importante a seis meses da eleição? Veja abaixo qual era o cenário nesta época da disputa, sempre com dados do Datafolha.
2018
Lula acabara de ser preso pela Lava-Jato (dia 7 de abril), condenado pelo então juiz Sergio Moro por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas ainda assim liderava com folga em dois dos seis cenários pesquisados, com 31% e 30% das intenções de voto – nos dois casos, era seguido por Bolsonaro, que tinha 15%. Apesar de preso, Lula insistia na candidatura e, pela lei, era permitido pedir o seu registro, mas isso poderia ser indeferido pelo Tribunal Superior Eleitoral, o que de fato acabou acontecendo.
Nos outros quatro cenários de abril de 2018, todos sem Lula, quem aparecia numericamente na frente era Bolsonaro, sempre com 17%, mas empatado dentro da margem de erro com Marina Silva (Rede), sempre com 15%.
Naquela época, ainda havia nas projeções muitos nomes cujas candidaturas não se confirmariam. Além de Lula, ficaram pelo caminho o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa (PSB), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (então no DEM), e o ex-presidente Fernando Collor (PTC). Até o então presidente Michel Temer (MDB) ainda era especulado como candidato.
Chegaram ao dia da votação Ciro Gomes (PDT), Alvaro Dias (Podemos), Guilherme Boulos (PSOL) e João Amoêdo (Novo). Manuela D´Ávila (PCdoB), que era cotada como presidenciável, acabou se tornando vice de Fernando Haddad (PT).
Haddad, aliás, aparecia com apenas 2% em dois cenários, mas ele acabou indo ao segundo turno. Outro cotado para substituir Lula era Jaques Wagner (PT), que não passava de 1% em duas situações simuladas em abril.
2014
A então presidente Dilma Rousseff (PT), apesar da onda de protestos que o país vivia desde o ano anterior, liderava com folga em todos os cenários, com percentuais que iam de 38% a 43%, mas ela vinha em queda em relação à última pesquisa, perdendo seis pontos.
Seus perseguidores mais próximos eram Marina Silva (PSB), com percentuais de 23% a 27%; Aécio Neves (PSDB), que atingia de 14% a 18%; e Eduardo Campos (PSB), de 10% a 14%.
O único momento em que Dilma esteve ameaçada de perder a liderança ao longo da corrida eleitoral se deu no final de agosto, quando Marina – que havia substituído Eduardo Campos, morto em acidente aéreo no dia 13 de agosto – empatou em 34% com a petista. Dilma acabou vencendo o primeiro turno com quase 42% dos votos válidos contra quase 34% de Aécio.
2010
A pesquisa foi a primeira feita pelo Datafolha após José Serra (PSDB) ter assumido oficialmente a candidatura à Presidência, uma semana antes. O tucano liderava a corrida com 40% contra 29% de Dilma Rousseff (PT). Marina Silva (PV) e Ciro Gomes (PSB) vinham na sequência – Ciro desistiria da candidatura duas semanas depois.
O curioso é que a eleição tinha, àquela altura, sete candidatos nanicos e cinco deles sequer conseguiram pontuar.
Serra travou uma disputa apertada com Dilma até julho daquele ano, quando a petista começou a abrir uma vantagem consistente até conseguir 47% a 33% dos votos válidos sobre o tucano na votação de primeiro turno.
Curiosidade
Nas três eleições, o patamar mínimo conseguido em abril por aquele que viria a vencer a eleição foi 17% das intenções de voto. Segundo levantamento do portal UOL, feito com base nas pesquisas do Datafolha, desde 1989 todos os candidatos eleitos tinham ao menos esse número nas pesquisas do instituto feitas em abril.