Empresários bolsonaristas alvos de Moraes já doaram dinheiro a petistas
Fernando Haddad e irmão de líder do MST foram alguns dos beneficiados
Alvos de uma operação da Polícia Federal ordenada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, após a revelação feita pelo site Metrópoles da troca de mensagens num grupo de WhatsApp em defesa de um golpe em caso de derrota do presidente Jair Bolsonaro para o ex-presidente Lula, alguns dos integrantes do grupo em questão, batizado de “Empresários & Política”, curiosamente têm um histórico de doações de dinheiro a campanhas de candidatos do PT e a outros partidos de esquerda.
Autor de ataques às pesquisas eleitorais, ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal no grupo, José Isaac Peres, dono do gigante de shoppings Multiplan, é um exemplo. Peres gastou 980.000 reais na eleição de 2018, dos quais 60.000 reais foram destinados à campanha a deputado federal de José Luiz Stédile (PSB-RS), irmão do líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stédile, e 50.000 reais ao ex-deputado Marco Maia (PT-RS). Os valores doados a Stédile e a Maia foram superiores aos 30.000 reais repassados pelo empresário à campanha de Flávio Bolsonaro ao Senado.
Dono da rede de restaurantes Coco Bambu, outro que recebeu a visita da PF a mando de Moraes, Afrânio Barreira doou 100.000 reais à campanha do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, do PDT, em 2016. Candidato ao governo do Ceará neste ano, Cláudio é aliado de primeira hora do presidenciável Ciro Gomes (PDT), que recentemente chamou Barreira de “vagabundo” e “marginal”. O empresário também assinou um cheque de 5.000 reais para o petista Guilherme Sampaio, eleito vereador em Fortaleza em 2012 e hoje deputado estadual no Ceará.
Fundador da construtora Tecnisa, Meyer Nigri destinou 5.000 reais à candidatura do então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), nas eleições municipais de 2016. Naquele ano, ele ainda contribuiu com 50.000 reais às campanhas de João Doria (PSDB), Marta Suplicy (MDB) e Celso Russomanno (Republicanos).
As doações dos empresários bolsonaristas que defendem um golpe em caso de derrota do presidente contrastam com a mão fechada de alguns deles ao próprio Jair Bolsonaro. Em 2018, o dono da rede Havan, Luciano Hang, doou módicos 7.384 reais à campanha de Bolsonaro, que recebeu 9.000 reais de Meyer Nigri. Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia, deu-se ao trabalho de enviar 100 reais, dentro de uma “vaquinha”.