Dono de ouro apreendido pela PF teve reuniões com o gabinete de Bolsonaro
Ele já foi recebido por ministros e até pelo vice-presidente Mourão; sua empresa é suspeita de vender ouro extraído de garimpos ilegais
Dentro de sua política de dar caneladas nos adversários a qualquer custo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), na quinta-feira 5, comentou em suas redes sociais a apreensão de uma carga de 78 quilos de ouro pela Polícia Federal em Sorocaba (SP), que pertenceria ao empresário Dirceu Frederico Sobrinho, dono da empresa de ouro FD Gold, filiado ao PSDB e que concorreu como suplente de senador pelo Pará em 2018.
O filho Zero Três do presidente Jair Bolsonaro (PL) sugeriu que a valiosa carga seria usada para financiar campanha tucana, já que o rei do ouro concorreu pelo partido como suplente de senador. A crítica pode ser um tiro no pé, pois o “rei do ouro” também tem boas conexões políticas com o governo federal. Nos últimos tempos, foi recebido por quatro membros do primeiro escalão de Bolsonaro para tratar dos interesses dos garimpeiros.
Ele esteve reunido com o vice-presidente Hamilton Mourão. O então ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, também já estiveram em reuniões com o empresário, que tem farto histórico de suspeitas de comércio ilegal de ouro – no ano passado, o Ministério Público Federal pediu a suspensão da empresa de Sobrinho, acusada de despejar no mercado mais de uma tonelada de ouro extraído de garimpos ilegais da Amazônia.
A carga estava escoltada por policiais militares paulistas, entre eles um oficial da Casa Militar, ligada ao Palácio dos Bandeirantes. Mas o filho do presidente não citou as ligações de seu grupo político com o empresário. Sobrinho é o presidente da Associação Nacional do Ouro (Anoro).