Diesel, dólar e picanha: as armas na guerra entre lulistas e bolsonaristas
Simpatizantes do presidente e do ex-presidente travam disputa nas redes sociais com comparações entre os dois governos
Os índices econômicos, sociais e criminais registrados no final do governo Jair Bolsonaro voltaram à timeline de apoiadores do ex-presidente e do atual, Luiz Inácio Lula da Silva. Com o Congresso e o Supremo Tribunal Federal em recesso, a nova guerra de narrativas sobre os resultados da gestão petista ao longo de 2023 é travada nas redes sociais a partir dos preços da picanha, do dólar e de taxas de desemprego e inflação, por exemplo.
Comparações de todos os tipos têm sido compartilhadas para elogiar ou criticar o primeiro ano de Lula. Defensores do governo petista usam como base uma espécie de planilha divulgada em dezembro de 2022 pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente. Nela, o parlamentar cita, por exemplo, que com o seu pai no Planalto o dólar havia fechado o ano a 5 reais e 29 centavos e a Bolsa de Valores tinha alcançado 112.000 pontos. Sem citar a fonte, o parlamentar também informou à época que o quilo da picanha estava em 58 reais e o litro de leite era vendido a 4 reais e 39 centavos.
Bananinha tinha fixado esse post. Ele acabou de desafixar.
Vamo atualizar então?
Dólar: R$4,85
Gasolina: R$5,59
Desemprego: 7,5%
Inflação: 4,72%
Homicídios: queda 3,26%
PIB: acima 3% (cresceu 3% em 22)
Bolsa: +134.000 pontos (recorde)
Leite UHT: queda 5,5%
Picanha: queda 9% pic.twitter.com/i2wb64hWH9— Felipe Neto 🦉 (@felipeneto) December 31, 2023
Um ano depois, o influencer Felipe Neto, rival dos bolsonaristas nas redes, resolveu “atualizar” os números de Eduardo, abrindo uma frente de comentários a favor e contra a gestão atual. Neto usa reportagens e dados oficiais para mostrar, por exemplo, que o dólar fechou 2023 a 4 reais e 85 centavos e que a bolsa bateu recorde, alcançado 134.000 pontos. Com mais de 16 milhões de seguidores, o post foi compartilhado por mais de 910 mil pessoas apenas no Facebook.
Os bolsonaristas, por sua vez, usam a alta do preço do diesel como contraofensiva. Nesta segunda, 1º de janeiro, o governo federal restabeleceu a cobrança de impostos federais sobre o combustível. A alíquota de PIS/Cofins passará a ser de 35 centavos por litro e não mais de 13 centavos. Mudança que, segundo a Fazenda, será compensada com o corte nos preços anunciado pela Petrobras no final do ano.
Taxxad agiu novamente contra o brasileiro. Após a Petrobras reduzir o preço do diesel, ele anunciou a reoneração do combustível. O povo não tem um segundo de paz neste desgoverno que só pensa em aumentar impostos para custear a pesada máquina pública do PT. pic.twitter.com/6PeS71r4mv
— Messias Donato (@MessiasDonato) December 28, 2023
A decisão do ministro Fernando Haddad, no entanto, virou alvo de críticas. O deputado federal Messias Donato (Republicanos-ES), por exemplo, relacionou o retorno integral do imposto à necessidade de custear “a máquina pública do PT” enquanto tenta emplacar o apelido de “Taxxad” ao chefe da Fazenda.