De vergonha a impeachment: rivais reagem a ataques de Bolsonaro às urnas
Presidenciáveis fazem duras críticas à reunião do presidente com embaixadores para atacar o sistema eleitoral brasileiro
Os principais adversários de Jair Bolsonaro (PL) na corrida presidencial fizeram duras críticas à atitude do presidente de reunir diplomatas de dezenas de países na segunda-feira, 18, para fazer ataques – permeados de fake news – ao sistema eleitoral brasileiro, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e aos magistrados que conduzem o processo.
O mais duro foi Ciro Gomes (PDT), que disse que nunca viu um presidente de país democrático convocar o corpo diplomático para “proferir ameaças contra a democracia e desfilar mentiras tentando atingir o Poder Judiciário e o sistema eleitoral”.
E defendeu o seu afastamento do cargo. “Bolsonaro cometeu vários crimes de responsabilidade e temos que buscar instrumentos legais para retirá-lo do cargo. Sei que se trata de uma tarefa delicada porque temos uma figura como Arthur Lira na presidência da Câmara, a quem caberia dar andamento a um pedido de impeachment”, postou.
Ciro disse, ainda, que “não há mais paciência política nem armadura institucional capazes de suportar tamanho abuso”. “Muito menos complacência de se interpretar organização clara e deliberada de golpe como arroubos retóricos ou desatinos de um presidente desqualificado”, completou.
Não há mais paciência política nem armadura institucional capazes de suportar tamanho abuso. Muito menos complacência de se interpretar organização clara e deliberada de golpe como arroubos retóricos ou desatinos de um presidente desqualificado.
— Ciro Gomes (@cirogomes) July 18, 2022
Simone Tebet (MDB-MS) disse que o “Brasil passa vergonha diante do mundo”. “O presidente convocou embaixadores e utilizou de meios oficiais e públicos para desacreditar mais uma vez o sistema eleitoral brasileiro. Reforço minha confiança na Justiça Eleitoral e no sistema de votação por urnas eletrônicas”, afirmou. A senadora lembrou que ela fez um manifesto em defesa do sistema eleitoral brasileiro e defendeu que seus adversários façam o mesmo.
O Brasil passa vergonha diante do mundo. O presidente convocou embaixadores e utilizou de meios oficiais e públicos para desacreditar mais uma vez o sistema eleitoral brasileiro. Reforço minha confiança na Justiça Eleitoral e no sistema de votação por urnas eletrônicas. +
— Simone Tebet (@simonetebetbr) July 18, 2022
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não fez comentários após o encontro, mas antes lamentou que o presidente tenha perdido seu tempo para atacar a democracia. “É uma pena que o Brasil não tenha um presidente que chame 50 embaixadores para falar sobre algo que interesse ao país. Emprego, desenvolvimento ou combate à fome, por exemplo. Ao invés disso, conta mentiras contra nossa democracia”, escreveu.
É uma pena que o Brasil não tenha um presidente que chame 50 embaixadores para falar sobre algo que interesse ao país. Emprego, desenvolvimento ou combate à fome, por exemplo. Ao invés disso, conta mentiras contra nossa democracia.
— Lula (@LulaOficial) July 18, 2022
O cientista político Luiz Felipe d´Avila (Novo) ironizou o encontro. “Bolsonaro deve ser o único presidente na história que contestou a validade da eleição que ele mesmo venceu. E continua insistindo em desacreditar o sistema que já o elegeu seis vezes, e seus familiares outras treze vezes”, disse. Ironicamente, hoje ele disse não querer instabilidade no país”, completou.
Bolsonaro deve ser o único presidente na história que contestou a validade da eleição que ele mesmo venceu. E continua insistindo em desacreditar o sistema que já o elegeu 6 vezes, e seus familiares outras 13 vezes.
Ironicamente, hoje ele disse não querer instabilidade no país.
— Felipe D'Avila (@lfdavilaoficial) July 18, 2022
O deputado André Janones (Avante-MG) disse que “Bolsonaro precisa ser demovido do cargo e jogado na lata de lixo da história”. “Se o presidente não sofrer nenhuma consequência por seus atos criminosos na data de hoje, ele vai ter certeza absoluta de que poderá fazer qualquer coisa. De demonizar o pleito a tentar um golpe”, afirmou.
Se o presidente não sofrer nenhuma consequência por seus atos criminosos na data de hoje, ele vai ter certeza absoluta de que poderá fazer qualquer coisa. De demonizara pleito, a tentar um golpe.
— André Janones (@AndreJanonesAdv) July 18, 2022