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Por José Benedito da Silva
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Coronel se torna a última testemunha viva do atentado ao Riocentro

Com a morte do general Newton Cruz, aos 97 anos, neste fim de semana, resta apenas um militar envolvido no episódio

Por Diogo Magri Atualizado em 19 abr 2022, 16h31 - Publicado em 18 abr 2022, 10h37

No mês, passado, um levantamento inédito do Instituto Vladimir Herzog divulgado por VEJA mostrou que ao menos 98 acusados de crimes durante a ditadura militar (1964-1985) seguem vivos e impunes no Brasil. Agora, são 97. O general Newton Cruz morreu neste fim de semana, aos 97 anos, no Hospital Central do Exército, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A informação foi divulgada pelo Comando Militar do Leste.

Cruz foi chefe da agência central do Serviço Nacional de Informações (SNI) entre 1977 e 1983. Segundo a Comissão Nacional da Verdade, ele teve envolvimento direto em crimes de repressão durante o regime. O general era a penúltima testemunha viva do atentado do Riocentro, em 1981, quando militares fracassaram em forjar um ataque terrorista que justificaria o endurecimento da ditadura. O único vivo envolvido no episódio é o coronel Wilson Luiz Chaves Machado.

A ideia dos militares era plantar bombas durante um espetáculo musical em homenagem ao Dia do Trabalhador que ocorria no local. Assim, culpabilizariam grupos opositores à ditadura e defenderiam o aumento da repressão. No entanto, uma bomba explodiu longe do local, enquanto a outra detonou prematuramente no carro em que estava sendo transportada. Nesse veículo estavam o sargento Guilherme Pereira do Rosário, que morreu na hora, e Machado, que ficou ferido mas sobreviveu.

Machado, Cruz e ao menos outros 7 ex-agentes foram acusados de atentado terrorista e homicídio qualificado. Nenhuma denúncia foi para a frente, como é de praxe entre os suspeitos de crimes na ditadura. Machado depôs na CNV, mas não respondeu às perguntas feitas. “Inclusive, já fui julgado pelo Superior Tribunal Militar. Não tenho mais nada a declarar. A verdade está nos depoimentos. A história está lá”, disse o coronel na época, referindo-se a uma das ações em que foi inocentado. 

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Depoimento à Comissão Nacional da Verdade, do Coronel reformado Wilson Machado, que era capitão do Exército e dono do carro em que explodiu uma das bombas do Riocentro
Depoimento à Comissão Nacional da Verdade do coronel reformado Wilson Machado, que era capitão do Exército e dono do carro em que explodiu uma das bombas do Riocentro // (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Com exceção de Wilson Machado, todos os outros envolvidos morreram — incluindo, agora, Newton Cruz. “O Riocentro foi planejado para ser, possivelmente, o maior atentado terrorista da história do Brasil. Felizmente, as falhas na execução relegaram a operação a ocupar outro papel na história: o de ser mais um episódio revelador da violência do Estado ditatorial contra a sociedade brasileira”, diz o relatório final da CNV.

Cruz também é acusado de ter participado da morte do jornalista Alexandre von Baumgarten e sua esposa, executados em 1982. Além disso, foi um dos militares que assinaram a destruição de vários documentos secretos, ainda enquanto chefe do SNI.

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Newton Cruz enfrentou ações na Justiça pela morte de Baumgarten e pela participação no Riocentro, mas nunca foi condenado. A causa da morte não foi divulgada. O presidente Jair Bolsonaro (PL) enviou uma coroa de flores ao seu velório.

Apesar da falta de condenações de ex-agentes, as denúncias da Comissão Nacional da Verdade, que elaborou uma lista de 377 responsáveis em 2014, são reforçadas pela revelação de áudios do Superior Tribunal Militar (STM) em sessões da década de 70 que provam a utilização de torturas na ditadura, segundo revelou a jornalista Miriam Leitão no jornal O Globo, no domingo 17. O assunto foi comentado nesta manhã pelo general e vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos). “Vai apurar o quê? Os caras já morreram tudo”, declarou ele, que também é candidato ao Senado no Rio Grande do Sul.

 

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