O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido alvo de pressões pela nomeação de uma mulher para suceder a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, que se aposentará da Corte até outubro. Os defensores de uma sucessora para Rosa alegam que o STF só tem duas mulheres entre seus onze ministros e seria negativo reduzir a representatividade feminina na Corte. Outros, sobretudo políticos e militantes progressistas, advogam que a indicada deva ser uma mulher negra, fato inédito na história do Supremo.
Enquanto nomes como o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, e dos ministros da AGU, Jorge Messias, e da Justiça, Flávio Dino, são citados entre os mais cotados à vaga, Lula tem buscado informações sobre mulheres para a cadeira, como a ministra do STJ Regina Helena Costa, a desembargadora do TRF2 Simone Schreiber e as advogadas Dora Cavalcanti, Flávia Rahal e Carol Proner. O petista indica a aliados, no entanto, que o gênero não será o critério preponderante à indicação. Depois de dissabores com nomeados pelo PT nos governos anteriores, Lula tem se inclinado mais a escolher um nome em quem possa confiar – assim como na indicação de seu ex-advogado, o ministro Cristiano Zanin.
Entre interlocutores do presidente no meio jurídico, há o entendimento de que o petista deve fazer a escolha livremente, sem tantas pressões e lobbies. Um dos que pensam assim é o advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Grupo Prerrogativas, que reúne juristas alinhados ao petista. Carvalho tem sido ouvido por Lula no processo de escolha do novo ministro do STF e também a respeito do sucessor de Augusto Aras na Procuradoria-Geral da República.
“O presidente foi o que mais nomeou mulheres no sistema de Justiça e acredito que ele vai quebrar o próprio recorde nesse mandato. Mas acho que, pela importância das funções, ele tem que procurar o próximo ministro não só entre mulheres, mas em um conjunto mais extenso de pessoas onde o recorte não seja raça ou gênero. Defendo que ele tenha liberdade ampla”, diz Carvalho. “Se ele não nomear uma mulher, isso não vai comprometer o compromisso que ele tem de tornar o sistema de Justiça mais diverso”, completa o advogado.